domingo, 28 de março de 2010

MINHA PIRRITA!




Realmente, a primeira relação sexual ninguém esquece. Foi assim comigo, nos anos 60, em Timon. Uma vizinha bancada por um Delegado/Militar de Teresina, às tardes, ia para a casa de uma outra, na Rua do Fio e se encontrava comigo.

Não sei como começou, só sei que de repente, todas as tardes em que podíamos, ela dava sinal de sua casa, eu olhava da minha – era uma casa frente à outra – e deixava passar alguns minutos e saia. Um bom horário, depois do almoço, geralmente Papai estava dormindo, Mamãe nos afazeres domésticos e antes da hora dos estudos, quase sempre por volta das 3 horas.

Chegava, tomava banho e íamos para cama. Não me lembro dos detalhes, não havia muito preliminares, primeiro porque não sabia o que era, ela pela pressa ou por não ter cultura sexual suficiente. Era sempre o chamado “papai/mamãe” até à exaustão. Garoto novo, bem dotado, menor de idade, aproveitava e era aproveitado. Se fosse hoje daria corrupção de menores, conselho tutelar, cpi de pedofilia, mídia, o escambau e eu estaria sem a iniciação sexual que tanto me valeu durante todo esse tempo.

Pirrita! Nem soube ou sei o nome real e de batismo. Idade? Em torno de 24/26 anos no máximo. Cabelos pretos, olhos sugestivos, rosto proporcional, nariz fino, boca carnuda, dentes perfeitos, estrutura física fina, seios pequenos, ancas grandes, vagina à militar (com pouco pêlos) e tipo índia, só aquele rasgo, tipo criança. Marcou-se, fez-me gostar de mulheres, durante a minha vida, de mulheres com essas características.

Até hoje.

Parecia com a Gabriela da série da Globo, uma Sonia Braga, mais magra, mais natural. Vestido, sempre, calcinhas de algodão – que não gosto – pequenas, sempre limpas. Cheiro natural, suave, de mulher fêmea que gostava de sexo.

Nunca me pediu nada, nem favor, nem dinheiro, nem que chegasse na hora, nem para me apressar, nada. A única coisa é que, antes do sexo, sempre me convidava para o banho. Acho que eu fedia ou o suor ou queria ver se estava com alguma doença.

Nunca me deu nenhum presente ou dinheiro, somente os abraços, as trepadas, os beijos na boca (eram raros) ou as lambidas no corpo (eram muitas). Sempre me deu prazer. Confesso, hoje que não me lembro como terminou. Perguntei à minha Mãe (tem 89 anos) e ela se recorda que foi quando tive que sair de Timon, para assumir o BB e o BNB, em 1967.

Ficou a saudade, ficou a lembrança, ficaram as marcas e o meu eterno agradecimento à mulher que me iniciou de maneira tão eficiente no mundo do sexo. Que a vida lhe seja boa, minha Pirrita, aonde quer que esteja, que o meu bom Deus a proteja e lhe tenha dado tudo o que desejavas nos anos 60.

Em tua homenagem coloco uma foto de atriz Sonia Braga, publicada nas páginas do Playboy, portanto pública e dentro do contexto literário.Tem todas as características da Pirrita, menos o órgão sexual que não é bonito com o da Pirrita, tens os chamados grandes lábios salientes, não sou embutidos como da minha Pirrita.

Pirrita, nome doce!

Valeu Pirrita!

sexta-feira, 26 de março de 2010

ACREDITE SE QUISER




Creio que era uma série de rádio, mais tarde de televisão e teve publicações em jornais e revistas, nos anos quarenta, cinqüenta, já nem me lembro. Eram histórias impossíveis de terem acontecidas, à primeira vista, mas que, no decorrer da narrativa, torna-se possível.

É o caso que relato.

Senhora Maria José de Sousa Bastos é professora aposentada pelo Município de São Luis, depois de mais de 40 anos como diretora do Colégio Alberto Pinheiro/Neto Guterres ali detrás do Ginásio Costa Rodrigues, no Centro da Cidade de São Luis, Estado do Maranhão.

Tem 92 anos.

Da Família Coelho de Sousa, teve irmãos importantes, como o General João Coelho de Sousa ,maranhense que chegou a diretor da IMBEL (Indústria Bélica Nacional/Fábrica Nacional de Armas Bélicas); irmã da Professora Edna, casada com o Coronel Trindade, que chegou a ser Comandante da 10a Região Militar de Pernambuco; irmã da Senhora Elisa Sousa, esposa do Dentista Dr. Josias Cunha, morador da Rua da Paz; irmã do Dr. Raimundo Nonato Coelho de Sousa, que chegou a ser Diretor do Banco Central e, aposentado, diretor do Banco Comércio e Indústria do Estado de São Paulo.

Finalmente, esposa do Contador Oldemar Jesus Lemos Bastos, o Bastinho, um dos primeiros Gerentes da Pedro Machado, compradora de côco babaçu, muito famosa, por ser vendedora de carros chevrolet e outras marcas no Piauí, também, nos primórdios dos tempos de metrópole de São Luis, sem contar que é Sogra do Homem que não Engana, eu.

Pois bem, no ano de 2008, sabedora da implantação do Plano de Classificação de Cargos e Salários para o Magistério no Município de São Luís, e depois de conversar com a Secretária Filomena Saads e todos da Secretaria, resolveu dar entrada no pedido de reclassificação de cargo/função onde passaria a ganhar, não os 900 e poucos reais que recebia mas 2 mil e poucos reais pois estaria enquadrada como Diretora de Escola e não somente como Professora.

Processo 604, órgão 100, data de 04 de julho de 2008, no IPAM (Instituto de Previdência e Assistência do Município) com toda a documentação, inclusive ato de nomeação de 1940 (acho), diário oficial e decreto de aposentadoria, contra-cheque, citação da lei de enquadramento, preenchimento do formulário padrão etc...

Em 2009 procurei para o Abreu, diretor do IPAM, como estava o processo, ele me disse ter mandado para a Secretaria de Educação do Município. Perguntei para quê, ele me respondeu que era o sistema. Falei com o Moacyr Feitosa e ele me garantiu que iria mandar andar o processo. Esqueci o assunto.

Agora, hoje, dia 25 de março de 2010, aniversário de Walmir Peixoto Junior – presidente do Sindicato dos Auditores Fiscais de São Luis e presidente da Associação dos Auditores Fiscais de São Luis, presidente da Federação de Ciclismo do Maranhão e candidato a Senador pelo PSL – sobrinho de D. Maria Bastos, me lembrei do processo. Lembrei-me que a imprensa noticiou a saída do Moacyr da Secretaria para se candidatar a Deputado Federal pelo PDT. Juntei os dois fatos, fui lá, na Rua 7 de Setembro, debaixo de chuva.

Direto na recepção, o Secretário não estava, a Adjunta Professora Myriam Magdala, também não. Remeteram-se para a Assessoria Jurídica, duas salinhas menores que o meu Escritório onde se amontoam duas recepcionistas, alguns computadores, uma divisória, um advogado, uma senhora, dois digitadores/operadores de computador. E um infecto cartaz de “repartições vagabundas” com aquele aviso “constitui desacato...etc”.

Um parêntese, veja artigo neste blog sobre o assunto, não me lembro qual o título, mas há um artigo para os funcionários irresponsáveis, mal treinados, incompetentes e para chefes imbecis que deixam pregar este tipo de aviso. Deveriam era ler o Código de Ética do Servidor Público, a Lei que disciplina a Administração Pública, o Estatuto do Funcionário Público Federal e Municipal, Lei de Improbidade Administrativa, Constituição Federal no artigo referente à Administração Pública (começa no 37) enfim...

Voltemos ao assunto. Esperei alguns minutos e o cidadão veio me comunicar que o processo de D. Maria chegara no dia 23 de março de ..... 2009. E estava nas mãos do Dr. Blossom ou algo similar. Perguntei se poderia falar com ele, disseram-me que sim. Falei, me atendeu bem, e me disse o que eu já sabia. Iria devolver o processo ao IPAM pois nada havia a ser feito, pois o processo estava documentado e os aposentados são de competência do IPAM. Muito justo.

Um ano, 365 dias e mais alguns, parado, na Secretaria de Educação do Moacyr Feitosa do Prefeito João Castelo, amigo da família e que pedi votos na campanha, torci, fiz doações, financiei ..... enquanto a minha sogra passa dificuldades financeiras – mentira, tem reservas – para comprar seus remédios etc... Tem reservas pois vendeu a casa da Praça da Alegria e colocou na poupança, mas necessita da revisão, de salário compatível com o tempo de Diretora, bem como da diferença salarial de julho de 2008 até a presente data.

Reclamar?

Chorar?

Chantagiar?

Esculhambar?

Lamentar.... é lamentar que o serviço público esteja nesta situação, dói quando se faz parte do sistema municipal, quanto se é formado em Administração, foi Professor e sabe de todas as dificuldades, se sabe como fazer, se sabe como agilizar e é obrigado a ficar calado, aguardando bom tempo.

Espero que minha Sogra, que tem 92 anos, não morra ainda para receber o que tem direito.

Nas próximas eleições, se estiver viva, por certo não votará mais em determinados candidatos a Vereadores, Prefeito, Deputados, Governador, Senadores e Presidente da República. Vai se vingar, tenho certeza.

Boa sorte na campanha para Deputado, meu cargo amigo e conterrâneo (fui registrado no Piauí, apesar de ter nascido em Flores/Timon) Professor Raimundo Moacyr Feitosa.

quinta-feira, 25 de março de 2010

TUDO O QUE UMA MULHER GOSTARIA DE LER DO HOMEM QUE VIVE COM ELA, ANTES QUE A ALGUMA COISA ACONTEÇA E ELA OU ELE NÃO POSSAM ESCREVER OU LER. ...








OU, SIMPLESMENTE, O ANIVERSÁRIO DE LÚCIA FERNANDA....

Conheci Lucia em 66/67 quando estive em São Luis pela primeira vez. O mano era estudante de Medicina e em uma reunião na Faculdade no Largo dos Amores, a vi. Baixinha, magra, elegante, com jeito de rica e mais velha que eu. Nem me olhou.

Mais tarde, quando vim morar em São Luis, 69/70 passamos a nos conhecer, em virtude de ela namorar um morador do Juventus Universitário, local em que morava. Conversa vai, conversa vem, ela, em rasgo de generosidade, resolve me aprimorar como motorista em sua Rural, seu automóvel.

Amigos, em junho de 1970, foi me buscar chorando depois de ter recebido/dado bilhete azul do/para namorado. Em um gesto elegante, ofereci o ombro para que chorasse. Começamos o namoro no dia dos namorados e nos casamos em 1973 na Igreja Nossa Senhora da Conceição, ali no Apeadouro, com as benções de todos os que compareceram. Destaque para o Padrinho José Maria Ramos Martins, reitor e que emprestou o carro de esnobe, a madrinha Duo, a Tia Florzinha, o Tio João Ferreira, a Tia Gracinha, o Tito, a Ada, só para me lembrar dos mais importantes e dos que se foram.

Em 1974 nasce Alex, filho homem. Em 1976 nasce Fernanda, filha mulher. De lá para cá, idas e vindas, altos e baixos.

Foi e é uma mulher bonita, embora esteja quebrada pelos anos e doenças. Seios pequenos, duros. Ancas grandes para sua estatura, coxas razoáveis, magra – agora não está mais – olhos penetrantes e sem vergonha, na hora certa. Muito boa de cama e em quatro paredes sempre nos limitamos no ilimitado.

Companheira de todas as horas, capaz de deixar tudo e viajar só por um telefonema, capaz de fazer as mais estranhas e bizarras loucuras comigo. Chegou a dormir, em Manaus, quando de compras de importados, com estranhos. No mesmo quarto, comigo, sem nenhum relacionamento sexual com os outros, imbecil.

Fizemos tudo juntos, agora tenho me recusado a morrer juntos, afinal o casamento diz que enquanto a morte os separe e não que devemos morrer juntos. È que anda deprimida e se recusa a fazer determinadas ações ou passeios e pede companhia. Justo....

Determinada.

Constante.

Professora do Rosa Castro, estagiária nos prontos de socorro da vida e de Jakson. Concluiu medicina em São Luis, fez especialização em Ribeirão Preto.

Fez concurso para Professora da Universidade Federal do Maranhão, aposentou-se como Chefe do Departamento de Patologia da Universidade, aliás, minto, apesar de ter sido durante uma vida, ganha uma miséria como professora.

Foi a primeira a idealizar um Materno Infantil, juntamente com outras colegas médicas, mas foi quem implantou o primeiro hospital deste gênero, ali detrás do Nhouzinho Santos.

Ingressou em uma Sociedade de Patologia, depois na Academia Maranhense de Medicina e, conseqüentemente, na Academia Brasileira de Medicina, onde está até hoje. Faz um excelente trabalho, inclusive com apresentações literárias e científicas. A História da Medicina no Maranhão, em especial, em São Luís merecia ser transformado em um livreto para todos conhecerem.

Quer mais?

Culinária, aqui em São Luis ou no Maranhão, somente perde em matéria de comida para a Professora Admee Duailibe. É capaz de preparar até Torta de Jaçanã. E é verdade.

Excelente dona de casa, entende de etiquetas, sabe manter a distância e a proximidade com os empregados, conhece todos os setores, inclusive supermercado.

Quer mais?

Mãe devotada, capaz de qualquer sacrifício pelos dois filhos; irmã dedicada, capaz de manter vivo, não deixar amputar o irmão, cura-lo de um câncer; oferecer ajuda financeira nos problemas dos irmãos; ajudar os sobrinhos nos custos educacionais e outros; ajudar qualquer um da família com atendimento médico, atendimento de conforto espiritual pois é católica praticante e de crença.

Amiga até debaixo dágua dos amigos, ajuda até naquilo que não devia ajudar, em quase tudo quando um amigo está com dificuldades. É Santa Lúcia.

Gosta de festas, gosta de amigos, gosta de almoçar, jantar, lanchar fora de casa; adora um casamento; vai a funeral e missa de sétimo dia; vai a aniversário e não esquece o presente. Está sempre presente, na tristeza, na alegria dos amigos, da família. É pau para toda obra.

Quer mais?

É filha exemplar, ajuda a Mãe em tudo, visita diariamente pessoal ou por telefone, quando não está disposta. Toma conta dos remédios, das visitas, leva a Mãe ao Rio de Janeiro quando necessário, vai a outros Estados quando convocada pela Família. É a filha, a irmã, a prima, a sobrinha, a mãe, a amiga, a colega que todos querem e desejam.

É minha companheira, minha esposa, minha mulher. Tem defeitos? Deve ter, ninguém é perfeito, mas tirando os defeitos, é perfeita.

Brincadeiras à parte, Lucia Fernanda teve uma boa vida e merece ter melhor vida ainda, no tempo em que nos resta, e já não é muito.

Lucia, tento dentro do possível ser o homem, o marido, o companheiro que merecerias ter, se falho em alguma coisa, me desculpe... creio que depois de 40 (quarenta) anos, a gente não muda mais. Em todo caso, aponte os erros e, hoje, 26 de março de 2010, meus parabéns por mais um aniversário.

Que o meu Deus, que o teu Deus, que o nosso Deus, realize os teus desejos, os teus bons sonhos e que a gente ainda possa desfrutar da companhia um do outro até que a morte nos separe.

E que ela (a morte) erre o roteiro ou demore bastante.

Parabéns! A turma toda manda abraços, Puff, Paff, Tibor, Angélica, Júnior, Louro José, Rosa Maria, Vinícius e todos os demais camaleões, bentivis, passarinhos, árvores que plantaste ou cuidaste, enfim, todos que formam ou formaram a Familia Viana. Ah... os filhos também Mitchael Alexandro e Maria Fernanda. A nora Adriana e o neto Daniel... e .....

terça-feira, 23 de março de 2010

O CASO NARDONI



A mídia não tem assunto, quando aparece, delira. É o terremoto no Haiti, a crise de hipertensão do Lula, os jogadores do Flamengo com a criminalidade, a cassação do Arruda, o desvio de verbas de fulano, a morte de cicrano, enfim, a noticia tem que ter audiência. E haja esticar determinados assuntos que não merecem, sequer, uma linha.

É o caso de Isabela Nardoni. Menina que foi jogada pela janela de um apartamento no Rio de Janeiro e os acusados são os Pais, o pai biológico Alexandre e a Mãe de criação (ou madastra como fazem questão de dizer a mídia) Ana Carolina.

Quem matou Isabela?

A polícia tem certeza de que foi o casal?

O Ministério Público endossou a tese da polícia?

O Juiz pronunciou.

O povo vai julgar. Pronto. São 7 (sete) – conta de mentirosos – jurados que vão votar. Quem representar melhor, leva. Quatro votos a favor, absolve; quatro votos contra, condena. A pena será dosada pelo presidente do Júri, o Excelentíssimo Senhor Juiz. Se tudo estiver normal, o casal vai cumprir pena, se houver alguma irregularidade, haverá recurso para o Tribunal de Justiça de São Paulo, logo em seguida para o STJ (Superior Tribunal de Justiça) e até o STF (Supremo Tribunal Federal) se houve possibilidade de alegativa de ferimento à algum preceito constitucional, como o de ampla defesa.

A mídia já condenou.

Mas, o espírito de porco ataca de novo. Há certeza absoluta que o casal matou a Isabela? Existe alguma dúvida quanto à isso? Pode ter havido uma terceira pessoa? São tão maus os Pais ao ponto de matar a filha?

Cá para nós, existe alguma dúvida na sua cabeça?

Se há, feliz ou infelizmente, há de se absolver o casal. Absurdo? Não, imagine o casal ser condenado e depois de alguns anos, aparece um pedreiro da vida, dizendo que foi ele que jogou a Isabela do apartamento? Como fica? É, em razão disso, que existe a famosa regra de, em dúvida, absolve-se o réu.

Por que?

Porque se houver, amanhã, uma confissão de alguém, de Alexandre ou Ana, em momento de lazer, dizendo que fomos absolvidos pelos imbecis. Ou houver prova concreta do fato, fato novo sobre o assunto, o casal pode ser chamado, novamente, a vir a Júri.

Ao contrário, hoje joga-se o casal na cadeia, tira-se do convívio dos demais filhos, condena-se sem ouvir qualquer das peças processuais, e vamos supor, joga-se definitivamente na cadeia. E amanhã, como recuperar ou recompensar?

Processa-se o Estado e se recebe alguns milhões depois de vinte anos. Paga a injusta condenação?

Simpatias à parte, creio que o casal vai ser condenado pelo Juiz, será mantido pelo Tribunal de São Paulo, mas será o Júri – conseqüentemente a condenação – anulado. Será determinado um novo Júri e, aí, com mais calma e com as provas definitivas e sem o clamor público, se terá um julgamento justo.

Não se pode julgar sob o clamor público, sob pressão popular, sob emoção. O melhor júri é aquele que não conhece o crime, é aquele que é formado por pessoas do povo, de qualquer qualificação e que só houve sobre o crime no momento do júri, pelo Juiz, pelo Advogado de Defesa, pela Acusação, pelas testemunhas e pelas provas.

Um jurado conhecedor do assunto ou com o voto preconcebido, vai cometer injustiça.

No novo julgamento, se o Júri condenar, esqueçamos o assunto, mande-se o casal para a cadeia e ponto final.

Viu, gastei tempo com teorias mas que podem se realizar. O tempo vai dizer. Anote a data. E vamos ver o espetáculo, entre aspas, em todos os canais de televisão.

segunda-feira, 22 de março de 2010

VACINAÇÃO PORCA



O meu amigo Ricardo Murad está mal assessorado, culpa sua. O Código Civil diz que o patrão é responsável pelos seus empregados, logicamente, é ele o responsável pela escolha de assessores pouco inteligentes.

Agora, na campanha de vacinação, ele aparece, de terno escuro e gravata listrada falando hoje sábado..... e a mensagem foi ao ar, na sexta, no sábado, no domingo. Poderia ter tido, neste final de semana.... a assessoria de comunicação ou a agencia de publicidade falharam. E se falharam agora, vão falhar na reeleição.

Também poderia ter usado um terno claro, branco, lembrando médico e a gravata azul, lembrando paz ou verde, lembrando o meio ambiente. Falhou.

Pois bem, alguns jornais publicaram a relação dos locais de vacinação da gripe suína, especialmente o Jornal Estado, o Jornal Imparcial, não me lembro se o jornal Extra recebeu o anúncio.

Fui ao Posto de Vacinação mais perto de minha casa, no Luzitana do Olho Dagua. Cheguei por volta das 9 horas, não tinha nem local determinado ainda. Por volta das dez, improvisaram no depósito, na área externa. Ainda bem que não chovia, mas o sol estava com raios UV matando. Mas, faltava vacina, estavam esperando.... resolvi vir para a CASSI, também perto de casa. Fila enorme, área interna, fiquei com medo de contágio. Desci para a Vila Luizão, um Hospital bem arrumado, com enfermagem e vigilantes de máscara. Bom local, área interna com ventilação e refrigeração, mas não tinha vacina.

Como eu tinha que ir ao Centro, deixei uma pessoa na fila (do Luzitana, hoje Bom Preço, no Olho Dágua) e fui. Cheguei ao Paulo Ramos, fila enorme, porém o Jan Buhaten estava lá e ficamos batendo papo. Não havia divisão, todo mundo junto, velho, novo, doente, defunto vivo etc... Demorei cerca de 1 hora na fila, com idoso, mas idoso que eu, furando fila. Como se organiza fila de idoso, por idade? Quem tem 90 na frente até chegar aos 60 anos? Quem está visualmente mais perto da morte?

Chegou, ainda havia uma entrevista, para saber qual a doença crônica, quais os remédios que tomava, quem era o médico etc...

Aí, se preenchia uma carteira e se vacinava. Pronto. Agora é esperar o dia para receber a vacina comum contra a gripe comum.

Por que os imbecis que assessoram o Ricardo não colocaram a carteira, como encarte, nos jornais da cidade? Por que não distribuíram nas farmácias, postos de gasolina, supermercados e mercados, a tal carteirinha? E junto a ela, a relação dos postos, calendário de vacinação e quem podia ou não receber a vacina? E por que não mandaram ler nas rádios AM?

Ainda, por que nos Postos não havia uma fila para Idosos e uma fila para o cidadão comum? Ou, por outro, por que não instalou somente em alguns lugares Postos somente para Idosos?

Foi burrice, aliás, porca a idéia da vacinação do jeito que foi feita. Ainda há tempo de corrigir.

Falei porca? Ah... isso lembra os Leitões e os Leitoas da vida que, também, às vezes, são bem mais limpos..

quarta-feira, 17 de março de 2010

NÃO FUI


Em casa, ouvindo/vendo o noticiário internacional em televisão aberta, pois não consigo assinar a TVN por burocracia desta, deparo com o analfabeto Lula, atual presidente do Brasil, dizer que está infectado com o vírus da Paz. Imbecil. Poderia ter dito que estava com o espírito da paz, seria mais elegante, mais religioso, menos beligerante. Cadê o guerrilheiro Franklin Martins, o ministro da imprensa? Eita Brasil.....

De burrice em burrice, recebo um folheto com a propaganda do 3o Congresso Brasileiro de Direito Constitucional, com o tema de tendências do direito constitucional no século XXI: Globalização e Meio Ambiente. Por ser caro, 140 reais para ouvir tolices, não fui.

Mas, como o diabo não vai, manda o secretário, narro o que me contaram.

O meu amigo Edson, de jornal da rua de Santana, depois por passagem meteórico no cursinho de jornalismo, mas tarde assessorando o Presidente Sarney, ocasião em que se inscreveu e recebeu o diploma de bacharel em direito, foi o grande destaque. É que, agradecido pelos serviços prestados e não por competência jurídica, o Sarney o nomeou para o Superior Tribunal de Justiça onde se divulgou e chegou a ser chamado de Ministro e Jurista. Pois bem, foi o grande homenageado, com direito a livro, entrega de livro a atual esposa, beijinhos e afagos (com dentes e cabelos novos).

Fez discurso, o secretário não cochilou. Anotou textualmente que: ... a população não morreu por fome, no Nordeste e no Brasil, especialmente no Maranhão, por conta da Bolsa Família..... Interessante é que a estatística de antes da Bolsa e depois das Bolsa, continua a mesma, não houve modificação no índice de mortalidade infantil ou de mortalidade geral, tudo continua na mesma. E continua a falação: ... o estado democrático de direito é uma ficção criada por ministros dos tribunais superiores, mas sem eficácia..... Igualzinho a uma promessa de campanha de bolsa dignidade que todo mundo cobra até hoje, ficção...

Finalmente afirma que o Maranhão ... é um dos últimos Estados que vive uma anacronia política e administrativa..... Deve saber o que é anacronia, deve ter usado no sentido figurativo e não no sentido literal, afinal a sua atual esposa foi Secretária de Estado do Maranhão, na área de Segurança, durante mais de 2 anos e o sistema continua anacronicamente parado no tempo.

E tome discurso. Nada de novo, salvo a Germana que veio preparada para o Encontro.

Teve momentos tristes, como o nosso Presidente da Ordem que deveria ter sido mais conciso e mais técnico. Ninguém quer saber que mete grogue ou metia grogue no Bambu Bar. De tanto ficar no Bambu não aprendeu que o Plano Collor tinha respaldo técnico no CTN e na CF. Dizer que mesa de bar tudo se resolve não é verdade, resolve só perguntas idiotas como a que foi feito, tipo Lula, em lugar do vírus, a contaminação de alguma coisa que não me lembro. Mostrou, pelo menos, que tem familiaridade com o microfone e não gaguejou, falou de igual para igual, no nível do Encontro.

Teve momentos alegres, como o Programa de Humor, gente dizendo que só vem falar do Sarney, que quer ser enterrado no carro do corpo de bombeiro e que cláusulas pétreas constitucionais são pneus na cintura de mulher velha, que não podem ser retiradas por operação plástica porque o marido adora. Um desastre, deve ser a fase da vida, a vista enfraquece, ele esquece, tudo amolece, o aluno agradece a piada.

O que teve mais: o de sempre, o dito cujo disse que Sarney disse que o País seria ingovernável com a Constituição de 1988. De fato, tanto é que já houve mais de 65 Emendas e a merda, desculpe, e o País não anda com tantos dispositivos não regulados ou com o Supremo metendo os pés pelas mãos. Cada Presidente do STF ou STJ resolve interpretar a seu modo – e os demais colegas obedecem – a Constituição.

Melhor seria se a gente pudesse dar opinião quando da escolha, houve uma sabatina feita por Senadores e Deputados competentes e independentes e mandato para os Ministros, de 8 anos, aí sim, a gente poderia ter um Supremo ou um Superior formado por juristas ao invés do amontoado de bacharéis que os formam ou formaram. Inclua todos os aposentados e que por lá passaram, até o Jobim.

O filho do Vera Cruz Santana, ex Procurador Geral da época Jackson Lago, disse que ia mandar fazer um carimbo, por ter dificuldades em escrever à mãNegritoo, como Pontes de Miranda. (escrever não é só à mão?). O Professor Pontes deve ter se revirado no túmulo. E o filho do Vera sabe quem foi Pontes de Miranda ou usou um livro do Vera, quando criança, para colocar debaixo do travesseiro?

No mais, uma futilidade. Amanhã tem mais, acho que vou lá, entregar este artigo e divulgar o meu Blogg. A leitura deste blogg vale mais que um congresso de direito constitucional, basta ler todo, e é de graça, não precisa pagar 140 reais para ouvir tanta tolices.

Ah... ainda gastei 20 reais com o livro em homenagem ao Vidiga, pode? E não veio totalmente autografado.

Vou lá?

terça-feira, 16 de março de 2010

DEU NO JORNAL





Leio nos Jornais impressos o que está digitalizado ao lado. No recorte com o retrato do Secretário de Educação César Pires, Veterinário, Advogado, Tenente da Polícia, Deputado Estadual por Codó e outras coisitas – me corrija César no que errei – a gente nota que o mesmo está fazendo política com o dinheiro público. Diz que vai distribuir 1.000 computadores para os Diretores de Escola.

Podem anotar, devem ser os diretores da área de onde tem votos e de onde não tem, estes últimos para poder se reeleger e voltar a ser Secretário de Educação, em um clico vicioso, isso se a Roseana conseguir ser Governadora, novanovanovamente.

O que deixa a gente, apolítico, o cidadão comum chateado, é que a campanha é com o dinheiro do Povo e para colocar, no computador, coisas que não servem para nada. Imaginemos o anúncio de ADIAMENTO publicado em todos os computadores, serve para emburrar os diretores ou divulgar erros para os pobres dos alunos e professores.

ADIAR (leia neste Blog, artigo sobre o assunto) é transferir sem data marcada, sine die, sem dia certo. Quando há data, o termo correto é TRANSFERIR. Entendeu burrito?

Por falar em burros e burrices, vamos ver o anúncio do Ministério Público Estadual (que não foi publicado no nosso Jornal EXTRA, por discriminação, por ser nanico) que convoca a todos, à população em geral, para uma Audiência no dia 19 de março de 2010, na Rua Grande, perto da Caixa Dágua, MAS NÃO DIZ A HORA. Vai ter gente, se leu o jornal, que vai chegar de madrugada ou dormir na calçada.

Brincadeira, na verdade com a quantidade mínima de leitores de nossos jornais impressos, sem divulgação na televisão ou rádio, vai ter cadeiras sobrando, mormente quando condiciona a participação nos debates à uma inscrição a ser feita pela Internet.

Burrice. Somente 23% da população brasileira e, portanto, maranhense, tem acesso ao computador. Não quer dizer que tenha computador, mas acesso, pagando na Lan House ou nos colégios, nos vizinhos etc...

Finalmente, vamos para os eternos burros, os Prefeitos.

Vou perguntar somente, para que servem?

E vou responder outro dia, coloco somente dois anúncios, editais em que uma Prefeitura quer serviços de Hospedagem e serviços de alimentação.

Comer e dormir!

sexta-feira, 12 de março de 2010

BANHOS E BANHEIROS ....


ÁGUAS A ROLAR:

um banho de história

Silvia Jorge Dino¹

RESUMO

Histórico do banho de várias civilizações, desde a mais remota antiguidade, até os nossos dias, a partir da revisão bibliográfica de estudos já desenvolvidos sobre este tema. Identifica-se a relação homem – água durante vários séculos. Abordam-se a importância dos banhos para a saúde. Citam-se os aspectos que levaram à evolução dos banheiros conforme são encontrados hoje e seus principais aspectos projetuais.

Palavras-chaves: Design. Banho. Banheiro. Higiene. Água

1. Introdução

A higiene e o asseio são práticas humanas que, ao longo do tempo se adaptam ao contexto sócio-cultural em que estão inseridas. Os banhos são uma tradição milenar. Em nome da religião, da beleza e da saúde, civilizações celebraram ou amaldiçoaram – o ato de se lavar.

Atualmente, o desenvolvimento tecnológico e medicinal nos passa uma falsa impressão de que o hábito de tomar banhos, assim como outros cuidados com a higiene pessoal, se aprimorou com o passar do tempo, mas não foi bem assim. Na Idade Média, por exemplo, os ocidentais abandonaram os requintados rituais de limpeza da Antiguidade e mergulharam numa profunda sujeira. Foi preciso muito tempo – e bons exemplos dos povos orientais e indígenas – para que voltássemos à nossas asseadas origens.

Esta pesquisa caracteriza-se como uma revisão da literatura existente acerca do tema. O caráter bibliográfico deu-se a partir de levantamento já realizados sobre o objeto de estudo delimitado, em livros, revistas e sites especializados.

___________________

¹ Aluna do Curso de Especialização em Design de Interiores do Centro Universitário do Maranhão.

E-mail: silvia@elo.com.br

2. O banho através dos tempos

Não se sabe exatamente quando as pessoas adquiriram o hábito do banho, nem tampouco qual foi seu principal motivo: prazer, higiene, objetivos medicinais, motivos religiosos ou finalidades terapêuticas. Há registros de que as pessoas já se banhavam no mar, nos rios, nos lagos e nas fontes, há milhares de anos. Pesquisadores acreditam que, todos os povos, desde tempos imemoriais tenham praticado alguma forma de higiene pessoal semelhante ao banho.

Os primeiros registros do ato de banhar-se individualmente pertencem ao antigo Egito, por volta de 3000 a.C. Os egípcios realizavam rituais sagrados na água e tomavam pelo menos três banhos por dia, dedicando-os a divindades como Thot, deus do conhecimento e Bes, deus da fertilidade. Para muitos especialistas, o ritual acabou favorecendo a saúde deste povo, pois, a higiene freqüente contribuiu para afastar várias epidemias e pragas comuns à Antiguidade.

A Grécia foi um local em que os banhos realmente prosperaram. Os gregos antigos invocavam a proteção de Hera, a mulher de Zeus, durante o banho. Mais tarde ela teve a companhia de Asclépio, o deus da saúde, e de sua filha Higéia (da qual origina a palavra higiene). Nos templos curativos de Asclépio, o banho era considerado parte essencial dos tratamentos de Saúde. Na ilha de Creta é possível encontrar bem preservados palácios de 1700 a.C. a 1200 a.C, que até hoje surpreendem por suas avançadas técnicas de distribuição de água.

Asclépio e Hígia

Ilustração 1 - Asclépio e Higéia

Os pioneiros nos balneários públicos, ao contrário dos que se pensa, não foram os gregos, e sim os babilônios. A diferença é que na Grécia os banhos não eram motivados apenas por higiene e espiritualidade. Entre 800 e 400 a.C, a natação era uma dos três pilares da educação juvenil – os outros dois eram a música e as letras.

Em Roma, muito se herdou da cultura grega no que diz respeito à veneração à água. Com isso, a engenharia romana teve que se adaptar para acompanhar a evolução do hábito dos banhos – assim criaram-se as termas romanas.

As termas romanas possuíam cômodos climatizados através de um sistema de assoalhos construídos sobre câmaras de gases subterrâneos, chamados de “hipocausto”. Cada salão das termas era bem decorado, por artistas, que criaram belos mosaicos, pinturas em murais, bem como ornamentado com esculturas e fontes. Ao redor do pátio central havia uma espécie de sauna, um vestiário e piscinas de água quente, morna, fria e ao ar livre. Tinham ainda jardins, bibliotecas e restaurantes – verdadeiros antepassados dos spas e resorts de hoje.

Os romanos consideravam Minerva, a deusa do comércio, da educação e do vigor, especialmente bem dotada para cuidar do banho. Fortuna, a deusa do destino também era representada nas casas de banho, para proteger as pessoas quando estavam mais vulneráveis. Além disso, havia incontáveis ninfas e espíritos associados a fontes e poços locais, venerados como guardiãs do banho. (RIOTOTAL.COM.BR, 2010)

Na Ásia antiga, assim como na Europa, o banho comunitário era um lugar para socializar. Construíram-se grandes tanques para banhos públicos, no formato de piscinas quadradas ou retangulares com degraus que levavam a locais onde as pessoas se lavavam. Eram tanques geralmente construídos em templos e usados em rituais de limpeza.

Em algumas partes da Ásia, banhar-se e lavar-se nos rios e fontes era outra forma de banhos comunitários ao ar livre. Para o hindu, banhar-se no sagrado rio Ganges significava a purificação. Agurueda, o sistema tradicional da medicina hindu, floresceu com base na sabedoria das culturas mais antigas. O uso do banho era considerado de extrema importância nessa forma de medicina.

3. Os prazeres perdidos

Se no Império Romano as pessoas não tinham o menor pudor de se banharem nesses locais públicos, na Idade Média a coisa mudou bastante. O Papa Gregório I foi um dos mais importantes precursores do repúdio ao banho, ao dizer que o contato com o corpo era via mais próxima do pecado. As saunas eram consideradas locais de pecado, porque as pessoas se viam nuas.

A Idade Média, muito propriamente chamada de Idade das Trevas, protagoniza o total sepultamento dos hábitos de higiene. A Igreja, poder político e cultural absoluto, abominava os banhos tratando-os como “orgias pecaminosas”. Tem início, então, um período de imundície com conseqüências desastrosas para a Europa.

Segundo os sanitaristas, as constantes epidemias que assolaram o Velho Mundo durante a Idade Média foram provenientes da total ausência de higiene por parte da população. Os banhos eram escassos, quase inexistentes. Tomar banho se transformou em uma atividade anual e acontecia em um simples barril, cuja água servia para banhar a família inteira. Primeiro os homens, depois os filhos, as mulheres e por último os bebês.

Ilustração 2 - Banhos de Barril

Como não podia deixar de ser, os piolhos não faltavam e eram disfarçados pelo uso permanente de chapéus e perucas. As mãos eram lavadas, apenas de três em três dias. A maior causa de morte nos doentes tinha a ver com infecções provocadas por falta de higiene dos médicos, que não lavavam as mãos antes e depois de verem e tratarem os doentes.

Lavar o rosto estava fora de questão para não estragar a pele, que poderia se desgastar e a sujeira era escondida sob enormes doses de maquiagem. Os dentes eram lavados com produtos 100% natural: xixi e cinzas!

Os povos orientais, no entanto, trataram de manter o hábito de banhar-se regularmente, bem ativo. Ainda hoje, nos países de origem turco-árabe encontramos as hamans, luxuosas casas de banho onde os muçulmanos tomam banho, depilam-se, passam por sessões de massagem, branqueiam os dentes e se maquiam.

Com o advento das cruzadas, entre os séculos XI e XIII, o hábito de tomar banho ganhou algum espaço. É que fora dos territórios dominados pela Igreja, os cavaleiros cristãos que partiram para o Ocidente, com a missão de tomar a Terra Santa dos mulçumanos, não só passaram a freqüentar as hamans, como espalharam pela Europa a prática de jogar água pelo corpo quando retornavam dos combates.

Ilustração 3 - As Cruzadas recuperaram os prazeres dos banhos públicos. As banheiras tornaram-se lugar de festa, como mostra o italiano Giulio di Antonio Bonasone na gravura do século 16.

Nos séculos XVI e XVII, as noções de saúde e doença mais uma vez se tornou uma afronta ao hábito de se tomar banho regularmente. Os médicos de então acreditavam que as doenças consistiam em manifestações malignas que tomavam o corpo do indivíduo por meio de suas vias de entrada. A partir daí, concluíram que o banho em excesso alargava os poros da pele por onde a saúde escaparia e o mal penetraria, deixando o sujeito suscetível às doenças. Enquanto nações como Portugal e Espanha descobriam, na América, populações que amavam tomar banho, os europeus voltavam para o mundo da sujeira.

As medidas de higiene existentes eram precárias. Entre os séculos XVI e XVIII, o linho limpo era melhor que o banho com água, por ser mais seguro e baseado em princípios científicos. Os sábios acreditavam que o tecido atraia e absorvia o suor. Antes ou depois de qualquer atividade física e após as refeições enxugava-se a pele com um pano e simplesmente mudava-se de camisa. Supunha-se que a roupa branca agia como “esponja” e absorvia a sujeira. Assim, trocar de roupas passou a ser sinônimo de limpeza, e para se sentir limpas, as pessoas usavam punhos e colarinhos impecáveis. Foi nessa época que, para disfarçar o cheiro, as classes altas começaram a importar e usar perfumes. Na corte francesa os nobres se perfumavam para não sentir o cheiro uns dos outros.

Ilustração 4 - Mercador de Perfumes, figura comum nesta época

Se o século XVI não foi notavelmente exigente quanto à limpeza, o século XVII foi muito pior. O banho só foi redimido no século seguinte, com a ascensão da ciência iluminista, que celebrava a razão e defendia a tese de que o mundo deveria ser esclarecido pela ciência. O iluminismo encarava o banho como um meio de se cuidar da saúde e ajudou a fazer do ato de se lavar o símbolo da saúde. Provou-se, então, definitivamente, que as doenças se originavam não do banho, mas da falta dele.

Após um período de claras mudanças na cultura e na mentalidade do homem, conhecido como Renascimento, a força das ideologias herdadas da Idade Média estava cada vez menor. A visão teocêntrica, na qual tudo gira em torno da religião, foi sendo substituída gradativamente pela visão antropocêntrica, onde o homem é o centro do universo. Durante os séculos XVII e XVIII, graças ao desenvolvimento intelectual obtido no Renascimento, o homem passou a refletir mais sobre o mundo que o cercava, tendo chegado à conclusão de que era preciso rever suas práticas políticas, econômicas e ideológicas. Os pensadores da época baseavam-se na tese de que a vida em sociedade deveria servir para proporcionar felicidade, justiça e igualdade, algo muito diferente do que ocorria na época. Desta forma, esses filósofos passaram a condenar o absolutismo, o mercantilismo e a mentalidade imposta pela Igreja. (HISTÓRIA DE TUDO, 2010)

Os civilités, (manuais franceses de etiqueta), publicados até meados do século XVIII, contavam com instruções para limpeza de mãos, rosto, cabeça e cabelo. E a partir de 1820, esses manuais começaram a recomendar que o corpo fosse limpo com um banho. No final do século XVIII, os arquitetos passam a incorporar o banheiro como um cômodo dentro da casa.

Mas a privação da água que durou até o século XVIII e anos de religiosos pregando as propriedades pecaminosas do banho, fez com que nem todos voltassem a tal prática, mesmo com insistentes conselhos médicos. Já cientes do bem que a água podia fazer pela saúde, médicos banhavam doentes à força em hospitais. Não era difícil encontrar pessoas que tendo de enfrentar a experiência do primeiro banho, demonstrasse verdadeiro horror, gritasse e tentasse escapar da sensação de sufocamento e palpitação que a água fria proporcionava. O conceito de higiene surge apenas no século XIX, depois das descobertas de Pasteur e dos seus trabalhos sobre a importância da higiene na saúde. Assim, os hospitais e outros locais de contato com doenças passaram a ser limpos regularmente.

Quando a Rainha Vitória subiu ao trono em 1837, ainda não havia local para banho no Palácio de Buckingham, sede da coroa inglesa. Nos aposentos da rainha havia uma banheirinha – um bidê – portátil. E conta-se que seus vestidos tinham uma abertura especial para facilitar a higiene. Até por volta de 1870 eram raras as casas ocidentais que tinham um cômodo para seus moradores se lavarem.

A popularização do banho só aconteceu no Ocidente a partir da década de 30, do século XX. Até essa época a lavagem do corpo era realizada aos sábados, mesmo dia em que as peças íntimas das crianças eram trocadas. Navios começaram a oferecer cabines de banho e barcos delimitavam áreas em rios que serviam como piscinas naturais.

4. No Brasil e no mundo

Após a Segunda Guerra Mundial, o processo de reconstrução de várias casas permitiu que os chuveiros fossem disseminados por toda a Europa. As casas ganharam banheiros abastecidos cada vez mais com água encanada. A França foi a pioneira nas inovações sanitárias, seguida pela Inglaterra e pela Alemanha.

No Brasil, desde a época colonial, muito pouco se observa em termos de evolução das formas de higiene da população. Os problemas da Europa, no entanto, são minimizados no Brasil, pois desde o descobrimento, o convívio com os indígenas, a abundancia de água e o calor dos trópicos impôs nova rotina aos colonizadores.

Os homens peludos estavam na proa. Os homens pelados estavam na praia. No instante em que se encontraram, no alvorecer de 22 de abril de 1500, o Brasil entrou oficialmente no curso da História [...] Após 44 dias em alto mar, os peludos estavam fatigados e imundos [...] tinham barba e vastas cabeleiras sebosas. Os pelados não estavam apenas desnudos, mas depilados. Os barbudos, quase todos, eram gordos ou magros demais e seus dentes, quando os tinham, estavam cariados. Os depilados exibiam dentes alvos, “bom rostos e bons narizes”, “cabelos corredios e bem lavados”, troncos, braços e pernas musculosos. Os barbudos raramente tomavam banho [...] costumavam lavar-se “de corpo inteiro” apenas duas vezes... por ano. Já os depilados pareciam anfíbios: banhavam-se nos rios, nas cachoeiras ou no mar de dez a doze vezes... por dia (BUENO, 2007).

Ilustração 5 - A intimidade dos índios Botocudos com a água, registrada pelo naturalista alemão Maximilian Philip, no início do século 19: os nativos tomavam até 12 banhos por dia.

Apesar da quantidade de rios e cachoeiras brasileiras, as cidades não possuíam sistemas hidráulicos capazes de conduzir a água até elas. Esse advento só aconteceu no século XIX, tanto na colônia como na Europa. O transporte da água se dava por tonéis e o preço pago por ela era alto.

No começo do século, havia muito cuidado com o consumo de água. As pessoas eram econômicas, já que era difícil conseguí-la [...]. A quantidade de água que era usada naquela época para tomar banho é a mesmo que usamos hoje para lavar as mãos uma única vez. (ZEROHORA.CLICRBS.COM.BR, 2010)

Os chafarizes, bastante comuns nas cidades desde o século XVII, eram lugares de encontros de escravos e depois de negros libertos. Esses lugares se assemelhavam aos banhos públicos que reaparecem no século XIX, com uma sensualidade que beirava a promiscuidade.

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Ilustração 6 - Carregadores de Água. As brigas nos chafarizes eram constantes. Na pintura, escravos e um sentinela

Apesar do país exibir uma grande costa, repleta de fabulosas praias, os luso-brasileiros só passaram a usufruir dos banhos de mar, em meados do século XIX, estimulados pela talassoterapia a que foi submetido, contra sua vontade, o príncipe regente D. João VI, após várias erupções e doenças de pele. O filho mais velho de D. João, o príncipe D. Pedro, que chegou ao Brasil ainda criança, adorava a água e costumava nadar nu nas praias do Rio, sem se importar em ser visto.

Até há pouco tempo no Brasil, o banheiro era um espaço utilitário escondido da vista, no interior das residências, chamado de “saguão”, que requeria somente dois itens: um tanque e uma cuia. O banho consistia em jogar, com a cuia, água sobre o corpo. Era também comum tomar estes banhos ao ar livre, onde a brisa rapidamente ajudava a secar o corpo.

No Japão, o banho é um ritual cotidiano. Todas as casas têm uma sala de banhos, onde se realiza a limpeza da pele antes da imersão. Só se entra na banheira depois de o corpo estar completamente limpo. A água pode ser apenas pura e quente, mas uma tradição centenária sugere acrescentar-se nelas algumas substâncias medicinais, embelezadoras, aromatizantes, revigorantes, purificantes, simbólicas ou simplesmente mágicas. Colocam-se flores como íris, rosa e crisântemo; folhas de cenoura, cereja e pêssego; frutas como cidrão, tangerina e laranja; raízes de lótus, gengibre e íris; produtos de arroz, como saquê, vinagre e farelo e toda a enorme variedade de algas.

5. Banheiros

O século XX impôs um salto quantitativo na qualidade de vida das sociedades. O processo de tratamento de água se iniciou no mundo, fazendo do banho e do consumo de água um procedimento seguro para a saúde. A água encanada, o saneamento básico e mudanças culturais fizeram com que a civilização moderna se tornasse seguramente mais limpa e saudável. Os avanços tecnológicos foram decisivos para que se desenvolvesse uma sociedade voltada para a limpeza, beleza e bem estar.

Os banheiros agora definitivamente dentro das casas começaram a ser reinterpretados e sofisticados, acompanhando a evolução da sociedade e sua cultura para atender as necessidades de cada momento histórico. Com o surgimento de banheiros modernos e funcionais, veio a obrigação do banho diário – em oposição ao banho quinzenal, tão em moda na Europa até o final da II Guerra Mundial. Hoje tomamos banhos todos os dias porque sabemos que o asseio pessoal é uma questão de saúde. Tomar banho passou a ser tarefa diária e prazerosa. Os chuveiros entraram definitivamente na vida cotidiana. O mundo moderno passou a cultuar o banho e o asseio como uma forma de preservação da saúde e do bem estar.

Nossos hábitos mudaram, por que o banheiro não mudaria? A decoração dos interiores das casas chega até os banheiros e passamos a observar a modificação estética desse espaço que se torna, no final do século XX, um espaço de descanso e saúde.

Os banheiros tornaram-se ambientes importantes no design de interiores, e em muitos casos até símbolos de poder econômico. Podem ser simples e racionais, ou verdadeiras salas de banho com sauna e área de repouso. Podem ter amplas janelas e vistas maravilhosas. Para alguns devem ser práticos e pequenos e onde se permanece somente o tempo necessário para a higiene pessoal. Para outros são refúgios, locais para descansar e relaxar, devendo ser espaçosos e confortáveis.

Por ser um dos ambientes mais caros numa construção, podem ser complexos e cheios de detalhes, mas devem, principalmente, ser funcionais e arejados. Os banheiros não são o tipo de espaço que pode ser planejado e executada num impulso. Mais do que banheiros foi recriado o conceito de Salas de Banhos: um lugar para ler, ver TV, conversar, relaxar. Um lugar ideal para fazer tudo e não fazer nada...

6. Conclusão

O conceito de banheiros e salas de banho se ampliou e abriu as portas de nossa imaginação. A água e seus efeitos, comprovadamente terapêuticos, hoje se somam a ambientes convidativos: arquitetos, designers e decoradores dão um banho de bom gosto a favor do nosso reequilíbrio diário. Os projetos de banheiros, verdadeiros templos modernos de bem-estar, devem priorizar o conforto à praticidade, o prazer à simplificação.

Hoje voltamos a expor nossos corpos sem pudor, como fazíamos na Antiguidade. Mas isso não ocorre mais durante o ato de se lavar, que virou um método individual, estritamente íntimo, de se preparar para a exposição pública, ao mesmo tempo em que trajes valorizam o corpo e deixam adivinhar suas formas. Não é à toa que todo banheiro contemporâneo que se preze tem um espelho – um objeto que há cerca de dois séculos dificilmente seria visto num lugar como esse. Atualmente nosso banho deixou de ser um ato público, mas ainda é premissa fundamental para que os outros tenham uma boa impressão de nós mesmos.

Quando nos lavamos, estamos fazendo um ritual de deixar ir embora tudo aquilo que não precisamos mais, numa dedicação individual a nós mesmos. As asperezas do mundo, mandamos por águas abaixo.

Vale aqui, uma pequena reflexão sobre o principal elemento deste prazer – a água! É preciso ter consciência e usá-la sem desperdício, para que seu prazer seja garantido ainda, a muitas e muitas gerações.