segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

EMANOEL VIANA: MEU VADINHO

EMANOEL VIANA: MEU VADINHO: EMANOEL VIANA e LUCIA FERNANDA, no quarto, na rede                             Pois é, o escritor Jorge Amado, em seu romance ...

MEU VADINHO

EMANOEL VIANA e LUCIA FERNANDA, no quarto, na rede

                           



Pois é, o escritor Jorge Amado, em seu romance Dona Flor e seus dois maridos, descreve a vida atribulada de uma dona de casa, recatada, professora de artes culinárias Floripides Guimarães que se casa com o boa vida Valdomiro Santos Guimarães, o Vadinho.

                    Jogador inveterado, chegado ao álcool, mulherengo, sem pudor ou vergonha, Vadinho encanta D. Flor e a faz de gato e sapato, além de uma amante fora de série.Tanto, que Dona Flor se acostuma com as agressões e a vida com Vadinho.

                    Este morre, em pleno carnaval, no Pelourinho, deixando Dona Flor desamparada. Esta, por influencia familiar e dos amigos, recomeça a vida, casa-se novamente com o dono da farmácia, cidadão respeitável, ético, moralista e de bons costumes. Péssimo nos afagos e na cama. D. Flor se lembra o tempo todo de Vadinho e seu espírito volta. Ela se satisfaz com o espírito, até achar que estava traindo o marido e invoca os Exus para levar Vadinho.

                    Feito o trabalho, Vadinho volta para onde estava. E a vida continua. Há outra versão, que D. Flor quando comprova que Vadinho está voltando, não deixa e passa a viver com dois maridos.

                    O que tem isso comigo?

                    Fiquei viúvo, minha mulher não era dada a álcool, a homem ou a jogatina, porém pudibunda, ética e com senso de responsabilidade, embora não tivesse, eu, nenhuma reclamação quanto a aspecto sexual. Eu, por outro lado, sou o Vadinho de terno, mais ético, menos imoral, porém mulherengo e gosto de um bom vinho. Gostava de bingo, adorava uma cartela. Se legalizarem, talvez volte ao vício, talvez não, tantas coisas não me atraem mais.

                    Não fiz vodu, trabalho, macumba, quimbanda, espiritismo, ou qualquer coisa assim, apenas rezei. E sei rezar muito bem. Pedi que Lucia não fosse, foi fisicamente, mas ficou comigo em espírito. Aqui em casa e no Cemitério,  ala A, tumulo 1133, no Gavião.

                    Conversa comigo, fica a me olhar, está no carro, passa pelo Escritório (ela não ia lá) e me aconselha, me informa. Diminuir muito algumas ações que antes fazia, talvez por ela não estar, em espírito em todo lugar, como agora.

                    Ia falar que, quando faço sacanagem, peço para que não apareça, mas não é verdade, sempre fiz respeitosamente, fora de casa... ou será ... não... não me lembro. Pois bem, a Lucia é meu Vadinho, está comigo sempre e sempre estará. Espero que não fique chocada em relação a sexo, se voltar algum dia a fazer.

                    É isso, natal de 2019, sem a presença física de meu Vadinho.

                    Durma bem, estava pensando em tomar um vinho, apesar dos cistos no fígado, rins... no pulmão ainda não tem e no estomago, intestinos, falta os exames, posso ?


                    Beijos de sua Flor.

Em 23.12.2019