sexta-feira, 4 de junho de 2010

O CACHORRO DO JOSÉ SALIM ROSA


Chama-se José Salim Rosas, Jornalista, Radialista e Advogado. Foi meu colega em algumas matérias no curso de Direito da Universidade Federal do Maranhão. Tivemos pouco contacto, lá. Mas tarde, devido a minha amizade com o Otelino Filho e Conceição (são irmãos) o contato se afinou. Também porque passei a morar em um apartamento no edifício Andressa, na curva do noventa/entrada do bairro Vinhais onde moram Otelino e Salim. Ou moravam.

A gente ficava na curva, na entrada, em um bar que existia e se ficava praticando exercício de levantamento de copos, arremesso de guimbas e outros menos saudáveis como tira-gosto de lingüiça. Otelino gostava de cerveja com cachaça ou uísque; Salim na cerveja gelada; eu ia de acordo com o dia, o momento.

Um dia, no cair da tarde, Salim encostou e disse que não iria mais beber, não queria morrer de câncer, de cirrose e, a partir daquele dia, só água ou leite ou café. Ficamos a ouvi-lo e lá para as oito da noite, ele se levantou e falou que iria para casa. A distância do bar para a casa de Salim é de duas ou três quadras, no máximo 500 metros.

Não demorou 15 minutos, chega Salim chorando, rasgado e com sangue saindo pelos braços. Todo mundo apavorado, peguei o revolver e fui procurar quem havia agredido. Naquela época havia o porte de arma para “autoridades”. Otelino, João Alexandre, não sei se o Nina estava, todos correram para ajudar Salim.

Foi ao banheiro, se limpou e disse que tinha sido os seus cachorros, os autores da agressão. Creditava ao fato de, todo dia, abrir o portão, falar com os cachorros e entrar para jantar, ver televisão e dormir. Depois de falar com a mulher. Parece-me que os animais o estranharam.

Chateado, puto das calças, entornou todas. Bem “tochado”, com as pernas bambas e protestando, filosofando, saiu para a casa. Ao chegar, abriu o portão e os cachorros bateram o rabo de alegria. Emocionado e bêbado, caiu no gramado. Os cachorros ficaram a lamber suas feridas e cada um dormiu do lado do Salim.

Pela manhã, sua mulher o encontra dormindo no terraço, com as feridas fechadas e os cachorros as lambendo, suavemente como se lambendo os filhotes. Ficou sarado, bonzinho, não teve necessidade sequer de receber vacinas.

Salim hora confirma, hora diz que o fato se deu com o Otelino. Otelino hora confirma, hora diz que foi comigo. O certo que o fato aconteceu, os cachorros, as feridas, a noite ao relento no terraço, tudo verdade, o que muda é o bêbado.

Bons tempos!

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