domingo, 24 de janeiro de 2010

OS 70 ANOS DA MANA RUBENITA



Tem gente que não gosta, não quer comemorar, fazer festa e depois se arrepende. Tenho casos concretos, mas antes deixe-me explicar alguns pormenores. Família do interior, criação rígida e prática, condições mínimas de vida financeira, assim fomos criados. Os filhos formavam em contabilidade e depois no nível superior; as filhas em normal/magistério e depois no nível superior.

Nas datas comemorativas a gente preferia gastar o que iria gastar comprando um calção, uma chinela, algo para a gente mesmo. E assim foi na vida inteira, até hoje, com alguns arrependimentos. Por exemplo, minha filha não teve 15 anos; não comemoramos os 25 anos de casados, vamos comemorar os 40, você está convidado. Não comemorei os meus 60 anos, mas fiz a festa para o meu irmão que, se eu não tivesse feito, também estaria arrependido, como estou. Não faz mal, qualquer dia eu faço uma festa e digo que estou fazendo 60 anos.

Dito isso, vamos ao comentário de hoje.

É sobre uma morena bonita, alta para os padrões nordestinos, olhos verdes, cintura fina, ancas razoáveis, seios pequenos, boca carnuda, olhos penetrantes, dentes perfeitos, elegante....uma Juliana Paes de hoje. Isso nos tempos de moça/juventude, pois hoje não tem a mesma aparencia, o tempo maltratou em alguns pontos.

É minha irmã, Rube, oficialmente, Rubenita de Castro Viana (tem um acréscimo de Almeida por conta do casamento).

Pensei em que comparar a minha irmã, carro, calçado, livro, objeto, animal, terminei optando por uma casa antiga, situada no patrimônio histórico da Ilha de São Luís, com a arquitetura colonial, estilo português, com seus desenhos, janelas, grades, estilos e azulejos. É uma casa bonita, foi mais bonita ainda quando construída, quando habitada. Hoje alguns podem olhar e dizer: que coisa velha, prefiro apartamento, aonde está a beleza desta casa, necessitando de reparos?

Péssima comparação? Talvez.

A mana Rubenita de Castro Viana e Almeida é a irmã mais velha, a Mãe substituta, que me orientou, me ajudou em todos os momentos e me amou. Acho que ainda me ama.

Falemos quem é Rube. Rubenita nasceu em Vargem Grande, terra do meu Pai, porém foi crescer em Flores, hoje Timon, em virtude da migração do meu Velho para Campo Maior/Flores.

Pois bem, começou a trabalhar cedo, professora, estudou direito, fez concurso, virou promotora e se aposentou, passando pela Procuradoria. Confesso que não sei se a aposentadoria foi como Promotora ou Procuradora. Casou com um Juiz de Direito, colega de Faculdade, nascido em Batalha. Teve três filhos, a primeira Maria Teresa, Maria por parte da avó paterna e Teresa por parte da avó materna; o segundo Antonio Pedro, em homenagem ao avô; o último, Carlos Magno em homenagem ao Pai.

Aparentemente vive bem em Batalha e em Teresina, apesar das divergências conjugais. Tem uma vida financeira boa, excelente, para os padrões de hoje.

E daí?

É que esta semana a mana completou 70 (setenta) anos de idade, forte, saudável e bonita. Jantamos, ela pagou a conta.

Aí a gente começa a pensar.... 70 anos de idade para todo mundo é velhice, é a beira da morte. A gente que tem mais de 60 não acha, começa a pensar no tempo perdido.

Estive ao lado da mana no nascimento do segundo Antonio Pedro e no terceiro Carlinhos, não me lembro se estive no nascimento de Maria Teresa. Tambem foi só, visitei algumas poucas vezes em Batalha. Só.

Nunca tive a oportunidade de vê-la em um Tribunal de Júri, nem a acompanhei em determinados momentos de sua vida, como quando teve o câncer, curado, graças a Deus.

Mas, tenho excelentes lembranças de minha irmã – não morreu. Não está doente e nem vai morrer – quando me protegia das surras da Mamãe e do Papai, principalmente deste que carregava a mão no cinto, ao contrário da palmatória da Mamãe.

Tenho e guardo boas recordações dos últimos 70 anos, poucos, não porque não os tenha, mas a idade esquece. Lembro da visita que fiz a Batalha, onde a Rube era Promotora, e na estrada passei por cima de umas galinhas. No outro dia foi a cobrança para a casa da doutora... estrada de barro, cidade pequena, tempos idos.

Outra recordação foi os 15 anos da primeira filha, a Maria Teresa, no Retiro Velho, uma Fazenda do cunhado Carlos, arredores de Batalha, com açude, piscina, cavalos e a natureza para ninguém botar defeito.

Por último, a mais marcante, a primeira que ficou e a última a contar. Lembro que certa feita fui ao Jockei Club, em uma escola que ela era professora. Fomos de Kombi, ela dirigiu um pedaço, um luxo para nós, que (eu) só ia de canoa para Teresina e andava sempre a pé. Ônibus era um luxo, também.

Lá, a morena bonita, morena de olhos grandes e verdes, tipo cigana, de vestido – novamente os mesmos sentimentos incestuosos? – me levou para um brincadeira de cabra cego com outros meninos e eu me diverti como nunca. Pobre se contenta com pouco, com um pedaço de pau, um pano nos olhos e alguns bombons de recompensa.

E o tamburão? Lembra Rube? Escondido no tambor de papelão de leite vazio do programa americano de distribuição de alimentos para o Brasil, ainda muito surdo e sem compreender o sentido das palavras, dizia eu estar escondido dentro de uma coisa começada com T. Ninguém me encontrou, passei por burro e se descobriu a intensidade de minha surdez. Bons tempos, não aproveitados devidamente.

A única recordação ruim, somente depois da morte da nossa irmã Ada, é que fui me lembrar. Foi a noite em que tentaram matar nosso Pai e ela saiu correndo atrás do assassino e eu me escondi debaixo da cama ou a ajudei, não me lembro... aliás nem me lembrava do fato, somente há pouco tempo vim me recordar.

Obnubilação mental, bloqueio psicológico.

Misturei tudo, o escritor não deve escrever com emoções pessoais, sai tudo truncado, melhor quando a gente olha para trás, com a frieza do analista. Mesmo assim, acho necessário este registro.

Comemoramos com um Jantar onde estavam presente Rube, Eu e minha outra irmã, a médica Bed (oficialmente Dra. Graça Viana). O cunhado Carlos Magno, o filho do casal Antonio Pedro; a filha da Bed, Manuela (em homenagem ao Avô) e minha esposa Lucia Fernanda, além da nossa filha Maria Fernanda.

Deixaram de comparecer, aqui em São Luis, pois o nascimento foi no dia 12 e houve os parabéns em Teresina/Batalha, o mano Deque (oficialmente Dr. Melquisedque Viana) e o mano Chico (oficialmente Dr. Francisco José), este por motivos que só ele pode declinar, além dos sobrinhos Alexandro (meu filho), Priscila (filha de Bed) e Karina (filha de Deque). Juventude é assim, acha que as datas comemorativas não merecem ser comemoradas, sem trocadilhos.

Parabéns Mana, que outros 70 anos venham e te mantenha com a mesma personalidade, mesma inteligência, mesma disposição e saúde de hoje. Que publique suas poesias, que veja os filhos formados (já são) na profissão certa, que veja os netos no caminho do bem e que faça as pazes com a Mamãe.

As duas merecem um fim de vida pacífico , familiar e de muito amor e paz.

Do mano, Manelzinho.

Um comentário:

Carlos Magno Filho disse...

Obrigado meu irmão pelas palavras e pela homenagem a mim dirigidas.