Desde 1991 vivo em uma
casa no chamado Loteamento Quintas do Calhau, hoje chamado de Calhau. É uma
casa de madeira, grande, em um terreno considerado grande e cheio de árvores,
hoje, todas grandes, adultas e frutíferas. É uma mini fazenda ou um sítio
dentro da cidade. É um sonho cercado de alguns pesadelos.
Vivo bem, apesar dos pesares.
Todo ano, mormente nos últimos 7 anos, uma árvore chamada
Pau Darco ou Pai Brasil, na primavera floresce e no outono fica só os galhos
secos que quebram. É preciso, todo ano, colocar proteção para que os camaleões
não subam quando as folhas começam a brotar pois, em caso contrário, as folhas
não nascem pois os animais comem todos os brotos, as folhas no nascedouro.
Houve ano em que passamos o ano inteiro sem folhas, umas aqui, outras ali. A
árvore sentiu, quebrou os galhos, ficou preta, feia.
Observando a evolução, resolvi implantar o sistema de
fiscalização e durante o nascedouro das folhas, um funcionário e eu ficamos
alertas e não deixamos os animais comerem. Pronto, nunca mais a Pau Darco ou
Pau Brasil deixou de florescer. E fica verdinho, cheio, encorpado, lindo de
morrer e ainda dá flores amarelas de quando em vez.
Interessante é acompanhar o ciclo da vida vegetal. Durante
uns dois meses durante o ano, a árvore deixa cair as folhas verdes ainda, e
fica completamente nua, desfolhada, só os galhos secos e o tronco. Dá pena
olhar, parece que aguarda a morte, não vai se recuperar, até alguns galhos
quebram.
Aí, em um mês seguinte, começa a surgir os brotos, as
pontinhas verdes e em apenas uma semana, elas crescem, viram folhas verdes, e a
árvore fica toda coberta, de folhas verdinhas, todas grandes. É bonito.
Muito bonito de se olhar, de se ver, de sentir, de acompanhar,
de participar e, principalmente, de a ter no seu quintal.
Acho que um dia qualquer a árvore não vai reflorescer, em
um ano qualquer, os galhos secos quebrarão, o tronco deverá quebrar com o vento
e ela morrerá. Queria ver a última folhagem.
Sempre me lembro que muitos dos meus Amigos ao verem minha
árvore sem folhas, só galhos secos dizem: arranca... ou está morta... e logo em
seguida vem a folhagem verde, linda...
Quero ver a última folhagem... quando será?
Quem sabe se, este ano, não foi a última?
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