Emanoel Viana, nú na Biblioteca |
Na verdade, o virtual
precede o real, se não fosse o imaginário, o real no mundo da imaginação, não
existiria o real no mundo além da imaginação.
Nos últimos tempos
tenho me dedicado ao mundo real virtual ou um mundo virtual real, a web. Real
porque há a concretude das palavras, das imagens, dos pensamentos. Virtual em
razão de não se vê o outro, podendo existir ou não o receptor.
Fico horas diante do
computador, do tablet, do iphone, dedilhando – se diz agora digitando – e externando
os meus pensamentos, hora criticando, hora elogiando – se diz postando – nos sites
de relacionamento ou no blog da vida.
É bom, a gente diz o
que quer, ouve o que não quer, lê coisas diferentes, aumenta-se o leque de
opções na vida, embora haja imbecilidades, idiotices, preconceitos, gente
revoltada e complexada, mas há gente suave, humana, carinhosa, nas palavras e
na imagem do perfil, ainda que não se saiba se real, se photoshopicada ou
falsa. Quem sabe? Pode ser totalmente diferente da realidade, no dia-a-dia, no
físico, mas o que interessa? O que é real é naquele momento em que você vê na
foto de uma Eudália, uma morena grega, uma mulher que o satisfaria... isso é
real, o resto é imaginário.
Um dos locais que mais
frequento, é o chamado facebook, apesar dos pesares. Um site de relacionamento
cheio de regras, de censuras, de bloqueios e suspensões, porém é um dos poucos
a ter a diversidade cultural que a gente procura. Tem gente de toda espécie,
real e imaginária.
Eu, mesmo, tenho três
sites ou páginas, utilizando-os de acordo com a realidade do momento, usando da
virtualidade necessária. Uso um,com meu nome, para assuntos gerais,
extrapolando na intimidade, chegando a ser amoral e imoral, conforme me adverte
a Iaci e Maria Fernanda e Mariene.
Emanoel Viana, no Aeroporto |
Gosto do virtual real
ou real virtual.
Sento na frente do
computador, na minha biblioteca,sempre só, quase sempre sem roupas, nu mesmo,
acompanhado apenas de meus pensamentos, de minhas frustrações, de meus desejos
mais íntimos, e, quando possível, de um companheiro etílico, o uísque 12/15/18
anos ou o vinho tinto da vida. E não afasto o cálice, salvo quando o Valium
substitui à altura.
Digo o que quero, quase
sempre no site oficial, quando não é possível, em uma autocensura, recorro aos
sites imaginários, com foto, perfil, telefone e tudo.. aí digo o que quero, o
face que me suspenda, pouco estou ligando, desabafo... é bom...
O facebook é local de
se ler, todo mundo fala, ninguém lê, no máximo se curte, comentários e
compartilhamentos só vejo quando tem foto de homem sarado, pessoas
desaparecidas, animais maltratados ou coisas de religião. A gente coloca leis
em defesa do cidadão, ninguém agradece ou compartilha.
É local de se colocar
fotos dos eventos que a gente comparece, em uma promoção pessoal, de dizer:
estou vivo, sou importante, estive com fulano, estive no lugar.... e por aí;
tem gente que coloca fotos eróticas, sugestivas, pornôs (? – tem vergonha..)sensuais,
ou com escopo de conseguir alguma coisa, ou de suprir a deficiência
caseira/social/profissional em que os familiares/amigos/colegas não reconhecem
o potencial da pessoa.
Tem gente bonita, dá
vontade de sugerir um sexo casual,sem
compromissos, mas o fato de estar com nome real, há a inibição, há o freio
social, e tem gente que não acredita que Velho tenha desejos, que casado não
possa ter relacionamento, que gente importante/desimportante não possa se
relacionar com mulheres importantes/desimportantes... preconceitos, normas,
regras sociais... normalíssimas ...
Emanoel Viana e o filho Louro José, em casa no Quintas do Calhau |
Fico por aqui, noite de
Natal, tenho que descer – minha biblioteca é no anexo de minha casa, 2 andar –
e hoje minha mulher recebe alguns familiares para a Ceia de Natal. Enquanto não
sou chamado, fico no face, curtindo os amigos virtuais, no meu mundo virtual.
Seria o mundo virtual
um submundo do mundo real?
Ou o mundo real não
passa de uma variação concreta do mundo virtual?
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