segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

MEU MUNDO VIRTUAL




Emanoel Viana, nú na Biblioteca
 Na verdade, o virtual precede o real, se não fosse o imaginário, o real no mundo da imaginação, não existiria o real no mundo além da imaginação.

Nos últimos tempos tenho me dedicado ao mundo real virtual ou um mundo virtual real, a web. Real porque há a concretude das palavras, das imagens, dos pensamentos. Virtual em razão de não se vê o outro, podendo existir ou não o receptor.

Fico horas diante do computador, do tablet, do iphone, dedilhando – se diz agora digitando – e externando os meus pensamentos, hora criticando, hora elogiando – se diz postando – nos sites de relacionamento ou no blog da vida.

É bom, a gente diz o que quer, ouve o que não quer, lê coisas diferentes, aumenta-se o leque de opções na vida, embora haja imbecilidades, idiotices, preconceitos, gente revoltada e complexada, mas há gente suave, humana, carinhosa, nas palavras e na imagem do perfil, ainda que não se saiba se real, se photoshopicada ou falsa. Quem sabe? Pode ser totalmente diferente da realidade, no dia-a-dia, no físico, mas o que interessa? O que é real é naquele momento em que você vê na foto de uma Eudália, uma morena grega, uma mulher que o satisfaria... isso é real, o resto é imaginário.

Um dos locais que mais frequento, é o chamado facebook, apesar dos pesares. Um site de relacionamento cheio de regras, de censuras, de bloqueios e suspensões, porém é um dos poucos a ter a diversidade cultural que a gente procura. Tem gente de toda espécie, real e imaginária.

Eu, mesmo, tenho três sites ou páginas, utilizando-os de acordo com a realidade do momento, usando da virtualidade necessária. Uso um,com meu nome, para assuntos gerais, extrapolando na intimidade, chegando a ser amoral e imoral, conforme me adverte a Iaci e Maria Fernanda e Mariene.

Emanoel Viana, no Aeroporto
Gosto do virtual real ou real virtual.

Sento na frente do computador, na minha biblioteca,sempre só, quase sempre sem roupas, nu mesmo, acompanhado apenas de meus pensamentos, de minhas frustrações, de meus desejos mais íntimos, e, quando possível, de um companheiro etílico, o uísque 12/15/18 anos ou o vinho tinto da vida. E não afasto o cálice, salvo quando o Valium substitui à altura.

Digo o que quero, quase sempre no site oficial, quando não é possível, em uma autocensura, recorro aos sites imaginários, com foto, perfil, telefone e tudo.. aí digo o que quero, o face que me suspenda, pouco estou ligando, desabafo... é bom...

O facebook é local de se ler, todo mundo fala, ninguém lê, no máximo se curte, comentários e compartilhamentos só vejo quando tem foto de homem sarado, pessoas desaparecidas, animais maltratados ou coisas de religião. A gente coloca leis em defesa do cidadão, ninguém agradece ou compartilha.

É local de se colocar fotos dos eventos que a gente comparece, em uma promoção pessoal, de dizer: estou vivo, sou importante, estive com fulano, estive no lugar.... e por aí; tem gente que coloca fotos eróticas, sugestivas, pornôs (? – tem vergonha..)sensuais, ou com escopo de conseguir alguma coisa, ou de suprir a deficiência caseira/social/profissional em que os familiares/amigos/colegas não reconhecem o potencial da pessoa.

Tem gente bonita, dá vontade de sugerir um sexo casual,sem  compromissos, mas o fato de estar com nome real, há a inibição, há o freio social, e tem gente que não acredita que Velho tenha desejos, que casado não possa ter relacionamento, que gente importante/desimportante não possa se relacionar com mulheres importantes/desimportantes... preconceitos, normas, regras sociais... normalíssimas ...
Emanoel Viana e o filho Louro José, em casa no Quintas do Calhau

Fico por aqui, noite de Natal, tenho que descer – minha biblioteca é no anexo de minha casa, 2 andar – e hoje minha mulher recebe alguns familiares para a Ceia de Natal. Enquanto não sou chamado, fico no face, curtindo os amigos virtuais, no meu mundo virtual.

Seria o mundo virtual um submundo do mundo real?

Ou o mundo real não passa de uma variação concreta do mundo virtual?

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