sexta-feira, 29 de junho de 2012

PROSTITUIÇÃO CULTURAL OU BUMBA MEU BOI DO MARANHÃO.





Terra, América do Sul, Brasil, Maranhão, São Luís, Lagoa da Jansem, junho de 2012, dia 29, sexta feira, 19 horas. Pego um táxi com minha mulher e vamos olhar o Bumba Meu Boi, o maior São João dos últimos 400 anos, como diz a propaganda institucional.

Vinte e oito reais, arredondado para trinta. Descemos e entramos no largo da associação independente. Largo cheio, palco no meio, com boi e barracas em redor. Ficamos na Quintas do Calhau, do vizinho Américo e Franci.

Sentamos e ficamos olhando o Boi de Coroatá, de orquestra, creio.

Dois miolos/boizinhos pequenos,  com couro sem expressão. Alguns vaqueiros, um travesti de Catirina e muitas índias.

Índias?

Que eu me lembre, em épocas antigas, não havia vaqueiros ou índias. Era um boi grande, às vezes com duas pessoas (chamadas hoje de miolo), caboclos de pena, tambor, saxofone, matraca, um Pai Francisco bem vestido, uma Catirina grávida, a encenação do desejo, muitas vezes alguém portanto uma espingarda, padre, pai da noiva etc..

Agora, é diferente.




O boi não tem língua, não tem noiva,não tem padre, não tem Pai Francisco, Catirina é travesti, boi é sem couro e um monte de homens e mulheres bem feitos, apresentáveis, alguns e algumas até bonitos, mas quase todos com cara de prostitutos e prostitutas ou, na melhor das hipóteses, homens e mulheres que querem uma oportunidade na vida ou divulgação para subir na vida usando o Bumba Meu Boi.

Todos financiados pelo Governo do Estado do Maranhão ou Governo da Cidade de São Luís, Ribamar, Paço do Lumiar, Raposa e tantas outras cidades, quiçá as 217.

Inventaram um tal de Bumba regue (como se escreve?), Forró universitário, Cacuriá deformado, Côco improvisado, Boi de Costa de Mão, enfim uma prostituição total... ah... umas tais quadrilhas e danças portuguêsas que nada tem a ver com Quadrilhas Juninas ou Danças de Portugal. 

Quem fiscaliza?

Ninguém, não há uma Equipe de Controle de Qualidade, uma Equipe da Academia Maranhense de Letras para orientar os brincantes, um grupo da Secretaria de Cultura para traduzir, orientar, mostrar, dizer como é o Bumba Meu Boi, o Auto do Boi, corrigir as distorções, cortar as improvisações, desestimular o ganho fácil com brincadeiras que nada tem a ver com o povo maranhense e não constitui nem hábitos, nem costumes.

Quer ver como se depura isso?

Primeiro leia, neste blog mesmo, um artigo falando sobre isso, tempos atrás, creio que o título era PARASITAS, procure.

Depois, deixe o Governo de dar dinheiro para esses parasitas, ofereça o local de apresentação, com segurança e conforto. Só.





Quem quiser aparecer, se apresente, cobre a entrada, venda a camisa, venda o chapéu, venda o cd, venda o dvd, venda o cocar, venda as penas, venda as matracas, enfim usem a imaginação para cobrir os custos ou, por outro, cobrem da própria comunidade, todos colaboram com a brincadeira, com o pagamento de determinada quantia para a indumentária, para a bebida, para o ônibus.

Só.

Hoje é uma prostituição total. Cantador profissional, canta onde paga mais. Tocador idem, miolo também, Indias escolhidas a dedo, Indios escolhidos pelo mesmo critério, de corpo. Não há mais amor, não há mais compromisso com a cultura, com a tradição.

Acabaram com o Boi, há até um boi barrica, com um boi de mão, indias modelos, coreografia ensaiada, enfim, virou um merda total.

Mas, mesmo assim, é bonito se ver, ainda existe toadas antigas sendo cantadas.



Viva Coxinho! 

Um comentário:

Birula artes disse...

Decididamente Viana Emanoel, tua mãe não queimou tua língua com "papa" quente. Irreverência total, no mundo onde as pessoas falam o que falam de acordo com os interesses....rsssss