segunda-feira, 7 de março de 2011

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO


                           Dispa-se... não é preciso ficar nua, nem nu, é no sentido figurado, dispa-se de qualquer preconceito e ouça a palavra do especialista.

Você passa a vida toda sem problemas, um dia, preocupado com a saúde e com as constantes dores de cabeça, você faz todo tipo de exame e acaba no Dentista que lhe diz que a arcada dentária não está no lugar, que é preciso colocar a mordedura no lugar, além do que, você não está escovando os dentes como devia.

                        Ele prova, pega uma dentadura, mostra os nervos e mostra como se deve escovar os dentes. Você faz, acaba as dores de cabeça e os dentes ficam mais limpos.
                      Você está gordo, todo mundo lhe diz isso. Vai ao médico e ele diz que a alimentação deve ser assim e assado. Você tem que comer de três em três horas, exercício físico, etc... você faz, fica magro e mais saudável.

                        Você paga muito imposto de renda, o especialista lhe recomenda que faça doações, monte fundação etc... você faz, vive melhor, o dinheiro rende, você vira benemérito e ainda não paga imposto de renda.

                        Viu?

                        Há sempre um especialista que sabe mais que você, basta apenas que você se convença da sua ignorância naquele ramo.

                        O Administrador, antigo Técnico de Administração, é o especialista em lhe ensinar a trabalhar bem, de maneira mais produtiva, de maneira mais confortável, de maneira que todos o respeitem e que você respeito o público alvo, dignifica a organização que trabalha, basta apenas que você se convença disso.

                        Administrar é, antes de tudo, decidir. Analisar, juntar, oferecer alternativas, decidir, implantar, acompanhar, controlar, produzir, gerenciar... são os verbos que a gente utiliza, desde que o dirigente maior seja sensível à técnica – aquela mesma do dentista ou do médico – do especialista e não se julgue o supra sumo.

                        No dia a dia o que acontece é que um imbecil qualquer é guinado à direção de uma organização e se acha o maior dirigente. É guinado em virtude de o processo ser assim, por exemplo, o Procurador de Justiça é, obrigatoriamente, um Promotor ou Procurador de Justiça; o presidente do Tribunal de Justiça é, obrigatoriamente, um Desembargador; o Comandante de Polícia é um Coronel.

                        Pede-se que o Secretário de Segurança seja alguém da área; o de Saúde seja Médico; o Secretário de Comunicação um formado da área ou praticante do meio; Ministro de Agricultura deve ser da área e por aí vai.

                        Na prática, hoje em dia, fora os obrigatórios, as funções são preenchidas pela vontade do dirigente, independente de qualquer formação ou conhecimento. Pega-se um dono de banca de revista de jornais e se coloca como Ministro do Trabalho; pega-se um Bacharel em Direito e se coloca como Secretário de Administração Penitenciária e por aí se vai.

                        Tem ainda aqueles que compram as funções, quer pelo conhecimento (chantagem) de informações, quer pelo apoio durante a campanha (geralmente financeira) ou por estar no mesmo partido (a companheira Maria Fernanda da Caixa Econômica ou Miriam do Ministério do Planejamento), ficam lá enquanto um imbecila é presidente da República ou governador do Estado ou prefeito dos Municípios.

                        O normal é que o dirigente da organização, seja ela pública ou privada, em quaisquer dos chamados Poderes, tivesse uma visão (treinamento) administrativa, falasse a língua do público alvo (usuário). Você encontra, por exemplo, um Juiz que fala a língua jurídica mas não entende nada de Administração.

                        Aí você se depara com um local público, custeado pelo dinheiro público, do jeito do prestador de serviços e não do usuário. Um gabinete de Juiz todo rosa, parecendo o camarim da Sula Miranda; ou uma emissora de rádio, perturbando todos no andar; ou, reformas de gabinetes com aqueles divisórias corruptas (é um dos melhores meios de se roubar é fazer reformas com divisórias pois não há licitação e as divisórias velhas são usadas em locais particulares) quando um prédio está sendo construído, vedando o acesso de qualquer usuário, escondendo visualmente os funcionários que já não prestam serviço de boa qualidade. E, coincidentemente não estou falando do Fórum Desembargador Sarney e o prédio do Tribunal de Justiça do Maranhão. 

                        Falta o quê? Administrador. Poderia é tirar todas as divisórias, fazer um lay out baixo, onde a gente tivesse uma visão geral de todos, talvez usando um vidro, como nos bancos. É um bom lay out a ser imitado. Funcional, prático e barato.

                        Quer outro exemplo de burrice, de não escovação de dentes ou de comer uma vez no dia?

                        Cartazes....Portarias... Resoluções.....Gabinetes Fechados....Portarias (identificação).... quando você encontra uma portaria exigindo documentação, crachá, a organização não tem administração; quando as paredes estão cheias de avisos, portarias, resoluções, ou o infecto cartaz de “constitui desacato”, a organização está sendo administrada entre aspas por um imbecil, incompetente; gabinetes fechados com paredes ou perfis de divisórias opacas, ao invés de vidro canelados, a oganização é dirigida por outro imbecil.

                        Quer controle? Instale scaner, instale câmaras de vigilância, institua o sistema de identificação dos prestadores de serviço (funcionários/trabalhadores); quer respeito? Faça-se respeitar, divulgue normas de procedimento pelos meios de comunicação ou em mala direta com o usuário, como proceder, horário de funcionamento, vestimenta, formas de tratamento etc...

                        Mas não, mete-se o pé pelas mãos, falta Administrador e Administração. Alguém que fale a linguagem dos animais, tanto o porco que dirige como os que comem. Desculpe a comparação, embora esteja, no momento, entre os que comem, como tal, não há ofensa.

                        O Administrador traduz para o dirigente a preocupação dos usuários, mostra como deve ser o ambiente de trabalho, como reduzir custos, como otimizar recursos, como satisfazer o público alvo, como agradar os demais dirigentes prestadores de serviços. Sem contar com tantas outras vantagens.






                        Outro dia volto a falar de decisão, por exemplo: deixar o prédio das Promotorias se acabar; colocar a Procuradoria Geral de Justiça para funcionar em prédio de terceiros e gastar um absurdo com adaptações; construir um Tribunal de Contas no Calhau (ou mantê-lo ou não extingui-lo); construir um Tribunal de Justiça no Calhau ao invés de vários Tribunais em vários locais da cidade; locação de imóveis impróprios para funcionamento de Juizados Especiais; construção de prédio do Legislativo em área de preservação ambiental; ampliação de prédio do fisco estadual ao invés de descentralizar as atividades na cidade de São Luís ou nos demais Municípios... ou seja, as decisões erradas dos dirigentes em virtude de serem analfabetos administrativos, estão lá por causas outras que não as técnicas ou não se assessoram devidamente.

                                    Em dia de Carnaval, não vou fazer Monografia, fico aqui.


                                    Entendam uma coisa, todo mundo é incompetente, inclusive você. Há um nível de competência que se exaure quando você atinge. Aquela do sapateiro que só entende de sapato, conhece? Na França antiga.....

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