domingo, 19 de dezembro de 2010

O CÍRCULO DE GIZ

          Adoro animais mas entendo pouco da nomenclatura oficial, não sei sequer distinguir um cão maltês de um poodle, quando ambos são brancos. Portanto, se errar, corrijam-me os entendidos, especialmente os Veterinários.
                              Parece que tanto o Peru, como a Galinha – personagens de minha história de hoje – são aves, da ordem dos galliformes/gallinaceus e da família de phasianidae/fasianídea ou algo similar. São animais domésticos, criados em qualquer residência de qualquer interior. Na minha família, a gente criava galinha, alimentava com milho, comia os ovos e quando a mesma envelhecia o destino era a panela. Tínhamos poucas, além de caras, a alimentação também pesava.

                              Quanto ao peru, não me lembro, salvo quando já mais idoso – em relação à infância – que tive contacto com o dito cujo, em uma refeição qualquer. Confesso que não gostei, achei duro, meio adocicado e tamanhos grandes. Preferia o velho e bom galináceo, hoje prefiro uma salada.... é a vida.

                              A conversa é sobre o círculo de giz.
                              Na minha terra, Timon, em tempos idos, havia pessoas que pegavam a galinha, colocavam a cabeça no chão e faziam um círculo de giz e soltavam a galinha. Ela não saia do círculo. Mas tarde cansei de ver o mesmo com o peru. Hoje é comum se ver, via TV ou WEB, pessoas que “hipnotizam” o peru no círculo de fiz, da mesma forma.

                              Tal qual a gente.

                              Fazem em redor de nós um círculo de giz e a gente se acostuma, não rompe. Algumas pessoas ou parte da sociedade ou a sociedade em que a gente é inserida determina normas e a gente obedece, hipnotizada.

                              Incutem-nos que os mais velhos são mais sabidos, mais inteligentes; que os ocupantes de cargos públicos tem competência; que os religiosos não cometem deslizes morais; que policiais são de confiança; ... o tempo passou e os dogmas continuam: igrejas são lugares de adoração a Deus; Deus existe e nos protege; que só existe vida na Terra.

                              Hoje ainda continuam:  que os nossos Governantes, Governador, Secretários e Diretores são pessoas competentes; que os Magistrados sabem o que fazem e são honestos; que o Ministério Público é o fiscal da lei; que o rico não precisa roubar.
                              Mas, o tempo avança e o giz se apaga, hoje a gente sabe que o Presidente da República é um incompetente e há Presidente de Nação ladrão, corrupto, o mesmo se aplica a Governadores e Secretários, sem esquecer os Ministros; tem cada cavalgadura (incompetente de pai e mãe, quando tem) que vira Presidente/Ministro/Governador/Secretário/Prefeito que falta sela; há senador/deputado federal/estadual/vereador que foram eleitos com roubo, compra de votos, venda de esposa, filhas, troca de favores que não a gente não pode sequer imaginar; tem mais policiais corruptos que honestos; o aparato policial é medroso; a criminalidade se organiza e muda o ambiente;

                              Devagar as coisas mudam e mostram a cara. O povo se educa, a imprensa cumpre com o seu papel, os homens deixam de ser covardes, e a deixa o círculo de giz.
                              Não me quero alongar, mas poderíamos ver a quebra do círculo em outras atividades como os preconceitos: a tatuagem ser de marginais e prostitutas; o brinco ser de homosexual, se usado por homem; cabelos cumpridos é sinal de sujeira, se homem; é sinal de feminilidade, se por mulheres; mulher de calça fica feia e masculina, tem usar saia.

                              Enfim, são apenas pinceladas, não se trata de uma tese de doutorado. Se conclui é que houve, há e haverá sempre um círculo de giz, em todos nós, por mais inteligentes e educados que sejamos. Os nossos medos e anseios, sentimentos, passado se confundem, entra em choque com a parte racional. Não há como fugir.

                              Também se conclui que, cada vez mais, o círculo se apaga, quando se pensa grande, no social. A gente comprova a falência dos poderes, político, administrativo, judiciário e até mesmo social. Há setores só para roubar, aqui se comprova as Igrejas Evangélicas, os políticos com suas compras, nomeações e emendas; segmentos do judiciário que desvia recursos com diárias, contratações, notas frias, uso do oficial como particular, além de venda de sentenças, liminares ou omissões para prescrição.

                              Fico por aqui, veja em que Círculo de Giz estás e rompa, nada impede ser do contra, tentar mudar, ir contra a corrente.... se arrebente, mas saia do círculo.

                              Um abraço a todos, se não os vê-los antes do Natal. Bom Natal para todos....  

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