Esta é uma das mais freqüentes expressões que ouvimos durante a campanha eleitoral. Pessoas jovens e velhas descrentes dos políticos. Outros, se dizem descrentes, mas tem os mesmos antigos hábitos de se fazer política: o do toma cá, dou lá.
Eu voto se o Senhor me arranjar um emprego. Eu voto se o senhor mandar consertar minha rua. Eu voto se conseguir uma colocação para minha filha. Eu vôo se me conseguir barro. E aí vão os pedidos, todos querem alguma coisa. Os colegas políticos do interior, os Prefeitos, os candidatos, fazem as mesmas exigências, independente de partidos, querem recursos, querem material de campanha, querem cargos no futuro, um escambo, um mercado persa.
Você tem que se adaptar a esse sistema ou não vai eleito ou desiste.
A gente tenta convencer o elemento que trabalha no rádio, jornal e televisão que ele deve promover debates, esclarecer opinião pública, mostrar quais as qualidades que o candidato deve ter, fazer campanha de esclarecimento à comunidade. Tudo em vão, primeiro porque o rádio, a televisão ou o jornal é de um político que tenta a reeleição ou tem uma mulher, um filho candidato; ou é mercantilista, primeiro o jabá, depois o povo: ou, ainda, tem assessoria na Câmara, Assembléia, Governo do Estado ou entidades privadas ligadas a um candidato.
Normalmente, os candidatos com recursos, são os piores, sem idéia, sem projeto, sem independência, sem motivação, atrelados a um grupo qualquer e detém mandado só para conseguirem mais vantagens às suas atividades produtivas. São deputados ligados a Hospitais, Rádio, Televisão, Jornais, Escolas, Igrejas, Indústrias, Comércio. Dos Deputados ligados ao povo, pouco se reelegem, exatamente pelo círculo vicioso.
O eleitor quer pagamento, antecipado para votar. O deputado só quer pagar depois do voto. Fica o impasse.
Tem horas que a gente se revolta.
Se revolta com o povo, às vezes burro, que mesmo com fome, se vende ou se omite. Que se venda, receba dinheiro, receba tudo o que o candidato oferecer, nunca peça ou exija. Mas nunca se omita. Nunca pense que todo político é ladrão, que não fazem nada, que só pensam neles e nunca no povo. Não generalizem. Não desanimem. Não deixem de ir às urnas, pois o não comparecimento, a falta, a abstenção, o voto nulo, diminui o coeficiente eleitoral. Um deputado para ser eleito precisa de 10 mil votos, com a sua falta às urnas, vai eleito com 1 mil votos. Culpa do eleitor.
O eleitor consciente elege seu deputado antes, elege ainda candidato. Pega um pano branco, um pincel atômico, escreve o nome do candidato e prega na porta da casa; escreve no muro; pega uma folha de caderno, corta em pedaços, escreve o nome do candidato e distribui nos vizinhos; convoca o candidato para uma reunião em casa, com 5 amigos, no terraço, na rua, na porta casa; deposita um real na conta do candidato; fala para os amigos que tem candidato. Tem vergonha?
Toda mulher, normalmente, tem o seu médico ginecologista; temos o nosso dentista; temos o nosso médico de confiança; temos o carpinteiro; temos o pedreiro; temos o advogado; temos o supermercado que sempre vamos; compramos sempre aquele jornal que melhor informa; vemos sempre o mesmo canal; vamos sempre a mesma Igreja e temos uma religião.
Por que não temos o nosso político?
Hora de participar, de escolher, de eleger. Há de se escolher alguém que tenha independência, capacidade de falar, honestidade de ação e de propósitos, que seja trabalhador, que seja inteligente, que tenha instrução educacional para conhecer e tratar os assuntos, que seja amigo dos amigos, que trata o bem o eleitor, antes, durante e depois da campanha, enfim que tenha as qualidades de lhe representar.
O candidato é o espelho do eleitor.
Se há péssimos políticos, a culpa sua. Os deputados refletem a população. Se você acha que aquele deputado ladrão não reflete você, você tem que tomar uma atitude, participe, casse aquele deputado. Ou então você é de fato ladrão, troca e vende voto, se omite.
Pense nisso.
Vote bem.
Emanoel Viana é candidato a Deputado Federal pelo PMN, número 33-33.
ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL ATOS E FATOS, em 26/JULHO/1998, há 11 (onze) anos atrás.
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