Quarta feira, dia 01 de junho de 1949, às 4 horas da manhã. Noite toda agitada, Mãe esperando criança.
Situo-lhe, estamos no planeta Terra, América do Sul, Brasil, Maranhão, Flores, Avenida Getúlio Vargas, 2. Casa residencial, de pobre, parto feito em casa.
Pais: Rábula registrado na OAB, Advogado Dr Manoel Bernardino Lopes de Sousa Viana e a Professora Teresa Alves de Castro Viana, pais dos filhos Rubenita, Melquisedeque, Ada, Chico e esperava uma mulher para fechar, a Jacobede.
A Comadre Diolinda, uma velha parteira velha, moradora ali perto do Cemitério São José, em Flores, Maranhão, hoje Timon.
Na cama, tentando ter a criança, a Mãe gemia, suava, assoprava garrafa, fazia tudo para ter. Parto normal.
Vem a criança, pelos pés. A parteira ajuda, afastando os lábios varginais e puxando pelas pernas, com cuidado para não quebrar.
Vem um menino, grande, gordo e preto, se entala no pescoço e aí se olha que o cordão umbilical estava em volta do pescoço.
Puxa o menino.
Está sem vida, morto.
Coloca encima de lençóis.
Houve choro? Acho que não, deve ter havido lamento, Papai sempre foi muito controlado e minha Mãe, também.
Acho que foi o Papai ou a Parteira de Diolinda que achou um desperdício uma criança de 4 kilos e 900 gramas ter vindo ao mundo, morto.
Pegaram o menino, eu, bateram na bunda, assopraram no nariz e, eu chorei.
Nasci, às 4 da manhã.
Homem, quebrou o ritmo, não havia nome para a criança.
Papai, apesar de não ser geminiano, racionava rápido, e no dia seguinte passou pelo Tabelião e este perguntou: nasceu a criança? Nasceu.
Como é o nome?
É Manoel disse meu Pai.
Fui registrado, pelo destino, também com nome biblico. O Tabelião errou e registrou como Emanoel ou invés do Manoel.
Papai disse, é (do verbo ser) Manoel.
Disse meu Pai que foi bom, pois o outro Manoel que ele teve com primeira esposa, a Brígida, morreu, não vingou. Morreu criança.
Papai era viúva e minha Mãe a segunda Esposa.
São esses os fatos. Relato agora, com emoção.
E emoção maior que uma Amiga minha, uma das mais íntimas, teve um filho morto do mesmo modo. Não sei se veio ao mundo pelos pés, mas veio ao mundo com o cordão no pescoço, não sei se nasceu ou se veio morto.
Lamento, nunca conversei com ela sobre o assunto. O filho não era meu, mas seria afetivamente. Aliás, é, apesar de não ter nascido.
Acho que o Emanoel Viana Filho ainda vive, com ajuda dos astros, as estrelas, a Lua, o Sol, mormente este.
Abraços a todos
em 02.02.2018, dia de Iemanjá
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