sábado, 25 de novembro de 2017

FICÇÃO DOMÉSTICA

Fico imaginando a vida do Amigo meu que dispensa pensamentos.
Vive em uma casa grande, com animais soltos, salvo uma cadela de 11 meses e dois papagaios, esses são filhos adotados.
Pela manhã, acorda às 4 horas, caminha até 6 horas, volta, coloca alpiste para os pássaros visitantes, água completa. 
Tira os papagaios da cozinha e os leva ao apartamento deles, no quintal, tirando o jornal velhos com cocô.
Corta uma banana em dois, coloca para as pipiras e demais outros animais no quintal, juntamente com os papagaios.
Volta e coloca papeis novos e água no poleiro dos papagaios no terraço da casa. Completa a comida.
Abre a casa toda, apaga as luzes, vistoria o sistema de vigilância de câmeras.
Coloca as chaves nas portas. 
Aguarda a empregada, cozinheira, deviada para cuidadora da manhã, chegar.
Chega às 7, um pouco antes ou antes das oito.
Espera a mulher acordar para saber como foi a noite com a cuidadora. Se tudo bem, vai trabalhar, se não, fica em casa.
Essa é a vida dele.
Tem uma mulher doente, muito doente, pé na cova segundo uns médicos, e aspirante à demência segundo outros e ao parkinson por alguns.
Atualmente vive sem poder andar, sai da cama para cadeira, da cadeira para mesa, para a poltrona e assim por diante.
Tem cuidadora, atualmente, noturna, diariamente. Tem cuidadora vespertina, tem fisioterapeuta 3 dias na semana, tem os cuidados e o carinho de todos.
A filha ajuda muito, lava louças, lava roupas, superviona alguns aspectos da casa, é a mãe da cadela e trabalha pela parte da tarde no governo do estado do maranhão, ganhando menos que o que o pai pag de imposto de renda, em um dos seus empregos, proventos, aposentadoria e tem um escritório vazio, montado, à tarde e á noite.
Enfim ajuda.
Mas, às vezes, desajuda. 
Leva em consideração os que os outros dizem, quer que a Mãe fique boa, acha que a Mãe (doente) não ajuda ou não quer ficar boa, pois não se esforça para andar ou para se alimentar ou para injerir líquidos.
Se julga alvo das críticas quando a mãe vai ao hospital e os médicos dizem que está desidratada, que não está se alimentando e que está com problemas pelo fato de ficar sentada etc...
Pois bem.
Hoje, a mulher do meu Amigo chorou.
Nunca, durante 44 anos de vida, havia visto um choro tão chorado, com poucas lágrimas e um apelo: não me deixes.
Nunca será deixada, salvo se o Amigo morrer de repente.
O amigo não reclamou de dormir durante quase 2 anos, mudar a fralda, limpar, dar de comida na boca, e tantas outras coisas.
O plano de saúde ela tem, a geap, que não serve para nada, aqui no Maranhão.
Tem o cassi, paga mais de 2 mil reais, presente do marido.
Vivem bem, os dois.
O lamentável está no ruído existente a filha o pai.
O pai acha que o tempo resolve tudo. A gente faz o que pode, Deus saberá o que fazer, ou a cura, ou a leva.
Simples assim? Não, foi dificil chegar a este ponto. 
Hoje o pai é cabide de doença, vai morrer a qualquer momento ou vai ficar rico para resolver a vida.
Mas, voltemos ao principal.
A empregada, cozinheira, que ajuda como Cuidadora, descuidou de tudo, serve apenas a Mãe doente. Não faz mais comida para a filha, não limpa nada, não sabe cozinhar, não faz jus ao salário de cozinheira, faz jus ao salário de cuidadora.
A filha acha que deveria demitir, mas como, se ela cuida da Mãe?
É imprudente ao não se esforçar, ao querer ler a biblia e cantar a todo momento, a atender celular toda hora, enfim, é uma funcionária que não merece empego, mas cuida da Mãe.
Não maltrata a Mãe, nem os animais.
É um grande achado.
Aí vem mais os ruídos,  filha diz que o Pai quer a casa limpa, quer tudo no lugar e reclama dos gastos financeiros.
Reclama que o pai quer tomar leite quente e café, na garrafa, na mesa, se ovos, sem bacon, sem pão quente, sem queijo, nem nada, apenas o café e o leite.
Diz que o leite pode ser esquentado no micro ondas, na própria xícara e o café pode ser em pó, economizando o leite que se estraga fácil, um litro de leite por dia pela manha e outro à noite.
Vai mudar, diz o meu Amigo.
E a briga continua.
A mulher dele chora, em muitos anos, quarenta e quatro anos, ela chora.
Ele me liga transtornado. O que eu faço?
Registro o fato para o futuro.
Eu o aconselharia, tentou me disse, ligou para o colega, quase amigo, o Eleonel para saber o numero do pastor da igreja da filha e não conseguiu.
Resolveu relatar o fato para mim. Registrei.
Agora, é esperar.
O meu Amigo me diz que se a mulher dele morrer, no outro dia, a filha dele se muda ou ele se muda. Tem outra casa no Maranhão Novo.
Radical?
Pode ser, mas concordo.
Enfim, desabafou em 25.11.2017
A filha aniversaria no dia 27.11.2017
Parabéns, viva bem, que Deus a abençoe sempre.



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