Dois fatos chamaram a atenção. O primeiro foi o artigo no blog, ALLIEN: O OITAVO PASSAGEIRO; o segundo, Senador Suplicy desfilando de cuecas vermelhas por cima da roupa. Resolvi, então, explicar a piada. É que tem gente burra – que não deve abrir o meu blog – e a gente precisa explicar a piada, ou o artigo.
Liturgia é um conjunto de ritos, orações e cantos do culto público que a Igreja presta a Deus. Hoje é utilizada como sinônimo de regras, de comportamento. A vestimenta do Padre, o hábito da Freira, a Toga do Juiz, o Jaleco branco do Médico, e por aí vai.
O apresentador de TV se apresenta de paletó e gravata, ainda que fique de calção por baixo da bancada. O que o público vê é a figura séria do apresentador ou apresentadora de paletó e gravata ou um casaquinho, no caso da mulher. É a liturgia.
Há liturgia na forma de tratamento, Vossa Excelência para alguns cargos e funções, Vossa Magnificência para os Reitores, e por aí vai.
É natural que aqui e ali haja quebra da liturgia, quer por rebeldia, quer por desconhecimento, quer por ignorância ou arrogância. O jovem gosta de ir à reuniões sem a gravata, ainda que de paletó, é rebelde; o iletrada vai sem paletó ou gravata por não entender de etiqueta; o cidadão de classe baixa nem sabe que roupa vestir; e o rico ou de casta superior aquele que está dando a festa, vai de blazer, paletó sem gravata e de outra cor, por arrogância, por se considerar acima de todos.
No mundo jurídico há as convenções, liturgia, que continua a aprovar, seguir e obedecer. Nos Tribunais a forma de tratamento entre Juízes, Promotores, Procuradores, Defensores e Advogados deve ser Vossa Excelência, sempre. Em Audiência, com ênfase.
Os Juízes e Promotores, separados na bancada do meio, devem usar toga, ainda que o ambiente esteja quente; pode ficar até de camiseta de meia por baixo. Os Advogados deveriam usar a toga – acho um tanto pedante o uso em Audiência – ou o terno completo, calça, paletó e gravata. No Tribunal, Pleno, Câmara ou Júri, deve, obrigatoriamente usar a toga. Os ajudantes do Juiz deveriam usar a capa, como se usava no Tribunal, antigamente.
Sou do tempo antigo, do cumprimento, do bom dia, do até logo, do permite, da abênção do papai e mamãe, da obediência ao irmão mais velho, do respeito aos mais velhos, do acatamento às ordens, da obediência à determinação superior, enfim, sou quadrado, sou caxias, sou velho, sou burocrático, sou litúrgico no sentido figurado.
Em junho, na Bahia, uma Professora do ensino fundamental foi pressionada e se demitiu por dançar “todo enfiado” fora da escola, no final de semana, apenas por ter sido filmada e divulgada pela internet. Exagero, excesso? O que tem a ver o desempenho da professora em sala de aula com sua vida particular?
A árbitra Ana Paula Nogueira encerrou a sua carreira no futebol depois de posar nua para a playboy, veja aí as fotos, vestida como bandeirinha e nua. O que isso tem a ver com o meu artigo? É a liturgia do cargo, exige-se para determinadas funções e lugares, determinados tipos de vestimenta, determinado tipo de linguagem.
Acho que o Senador Eduardo Suplicy deve receber uma reprimenda, rigorosa, pelo fato de andar desfilando de cuecas por cima da roupa. É uma maneira de desprestigiar não a si, mas os seus eleitores. Uma vergonha. Porém, pensando bem, depois que sua mulher, sexóloga, o trocou por um argentino (que já deixou), só podia dar nisso.
Entenderam?
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